"Um Estado que não sabe escrever não pode impor uma ortografia aos seus cidadãos" (*)
O Orçamento do Estado para 2012 foi escrito ao abrigo de um "acordo ortográfico" desconhecido até agora. Com efeito, diz logo na segunda página que se trata de um "Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico", mas não especifica se é o de 1990 ou se é outro ainda por infligir, pois aquilo que nos apresenta é uma inédita e curiosa mistura de "regras" ortográficas.
Assim, por exemplo, aparecem na mesma página vocábulos como "ópticas" e "ótica" (pág.53), "efectiva" e "efetiva" (pág.69) ou "protecção" e "proteção" (pág.189). Mas há mais, muito mais! Basta ler...
Não obstante, o Orçamento do Estado para 2012 diz que "A adoção [sic] do Acordo Ortográfico, constituirá uma oportunidade para colocar a Língua Portuguesa no centro da agenda política, tanto interna como externamente". Quem redigiu isto, referia-se certamente ao chamado “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990”, por meio do qual este Estado republicano se arroga o direito de alterar desnecessariamente a ortografia, impondo até mesmo ao Governo um prazo para aplicação das "regras" do dito acordo. Pena é que o próprio Estado não saiba escrever nem saiba quais são as regras ortográficas que deve adoptar...
(*) Sobre este assunto recomendamos vivamente a leitura de um brilhante artigo deFrancisco Miguel Valada, publicado no Facebook.
Fonte: Arautos d’El Rei