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Manuel Beninger

quarta-feira, 7 de março de 2012

Advogado de Braga pede ao IGESPAR que embargue obras Campo das Hortas - Em causa está o fim de mais um espaço verde, a favor do betão

Um advogado de Braga enviou uma carta ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), em Lisboa, visando travar as obras no Campo das Hortas. Em causa está a “derrota” de mais um espaço verde, em favor de betão.
Em declarações ao Diário do Minho, José Luís Fontela, advogado comunitário do “Centro Internacional de Estudos Lusófonos e Humanísticos das Irmandades da Fala da Galiza e Portugal”, mostra-se indignado com mais uma obra que descaracteriza» um espaço emblemático. «Enviamos uma carta ao IGESPAR a pedir embargo das obras. Braga não pode continuar a ser só betão e paralelepípedo. O Campo das Hortas vai ficar um desastre, se o projeto avançar. Por isso, fizemos-lo para ver se ainda é possível mudar. Não seria difícil», garante.
A missiva foi enviada ontem e deve chegar hoje a Lisboa. A esperança de José Luís Fontela é que exemplos como o Campo de Vinha, consensualmente aceite como mal feita, possa sensibilizar o IGESPAR.
Recorde-se que a área está dentro da Zona de Protecção dos Biscainhos, bem como do Arco da Porta Nova, espaços patrimonialmente protegidos. O Campo das Hortas também não está longe das Carvalheiras, onde foram localizadas importantes ruínas romanas.
José Luís Fontela recorda que, em tempos, conseguiu parar obras na Porta Nova.
No entanto, apesar de defender o património, esta não é a razão imediata das queixas, mas sim o descaracterizar do espaço. «Porque insistem em acabar com espaços de relva e terra, onde a água pode escoar normalmente?» pergunta, acrescentando: «é só betão e paralelos. Quando vier chuva forte, com paralelos, formas e enxurrada. Com relva e terra não acontece. Logo, temos que ter inundações».
Por isso, a sugestão é que, em vez de paralelos e betão, deixem ficar jardim, com terra, relva e flores. Por outro lado, cuidar bem dos acessos, para não se transformarem em armadilhas para as pessoas com mobilidade reduzida, nomeadamente os idosos.

Campo da Vinha
Este homem de causas humanitárias, linguísticas e etnográficas lembrou que idosos caem no Campo da Vinha por causa das pedras e dos acessos. «Não há cuidado nenhum nas escadas. Fazem uns degraus maiores que outros. E ninguém faz nada», disse, dando o exemplo das escadas dos Correios.
Voltando aos espaços verdes, o advogado quer, com esta ação, prevenir o mesmo tipo de intervenção em outras pracetas, onde ainda se pode estar, brincar e passear.
O causídico entende que, com o actual presidente da Câmara de Braga já não há nada fazer. Mas defende que o próximo autarca de Braga deveria comprometer-se a deixar determinado número de espaços verdes por cada quantidade de prédios. «Estamos nisto há mais de 30 anos. Faz-se tudo e ninguém reclama. Braga é a terceira cidade do país. Mas neste aspecto está a ficar muito mal», disse.
José Fontela não esconde que gostaria de voltar a ver árvores, de folhas permanentes, no Campo da Vinha.
O Diário do Minho procurou uma reacção da Câmara de Braga, mas ninguém se mostrou disponível para comentar a possibilidade de a obra ser embargada.

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