Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

terça-feira, 27 de março de 2012

CAUSAS SEM EFEITO

O nosso douto Parlamento decidiu debruçar-se sobre o caso BPN.
A maralha socialista, como é evidente, queria inquirir sobre a privatização – ainda não consumada - e os milhões que, na sua opinião, ficarão por pagar, ou seja, tinha esperança no que fosse pior para o PSD.
Os tipos da coligação queriam inquirir sobre a nacionalização e os milhões que, a rodos, foram gastos com ela, já que tal seria o pior para o PS.
Os fulanos dos dois e meio partidos comunistas não interessam para o caso, já que querem sempre o que for pior para nós todos.
Resultado, andou tudo à trolha.
Acabaram por chegar a um acordo mais ou menos coxo que ainda vai dar muito que falar. Foi preciso a Presidente ameaçar que lhes batia com a porta na cara se continuassem a portar-se mal.
É de admitir que não chegarão a qualquer conclusão, ou que encanem a perna à rã, como aconteceu no inquérito ao caso TVI, cujo relator chegou à brilhantíssima conclusão que o senhor Pinto de Sousa mentiu com todos os dentes, mas não é mentiroso nenhum, antes pelo contrário.
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Já não há quem não tenha percebido que a nacionalização do BPN, deixando de fora a SLN, não passou de um erro de dimensões colossais, coisa que não cabia fosse em que cabeça fosse que estivesse no seu perfeito juízo. Coube noutras, como a do senhor Pinto de Sousa, coadjuvado pelo inacreditável Teixeira, o qual levou uma data de anos ao serviço do destrambelhamento mental do patrão e só se zangou com ele quando já estávamos todos a pão e laranjas.
Depois, foi a loucura, a paranóia, a mania das grandezas, a mais brutal irresponsabilidade, para as quais nem explicação psiquiátrica é possível encontrar. A coisa custou, pelo menos, uns seis mil milhões. É obra!
Entretanto, à excepção do senhor Oliveira Costa, que será julgado quando for - se calhar quando os nossos netos já tiverem pago os seus desmandos – o resto da rapaziada continua por aí na maior. Tudo obra do socialismo institucional.
Agora, parece que há umas almas caridosas que se propõem ficar com o cadáver do BPN, desde que nós tapemos o resto dos buracos e oferecendo ao governo uma gorjeta de quarenta milhões. Os rapazes do Durão Barroso parece que não gostam da solução. O IRRITADO também não gosta. Mas, no estado miserável em que o Pinto de Sousa e o Teixeira deixaram a coisa, qual a outra solução?

Uma sugestão, aliás já proposta pelo IRRITADO, sem que ninguém, como é natural, lhe tenha ligado bóia:
a)    Liquidar o BPN, pagar as indemnizações ao pessoal e cumprir a lei da segurança dos depósitos, coisa de cuja existência ninguém parece lembrar-se;
b)    Pôr o Pinto de Sousa e o Teixeira a fazer companhia ao Oliveira Costa e solicitar ao Putin que lhes arranje um lugar vitalício a partir pedra na Sibéria.

À atenção do governo, já que dos juízes & Cª outra coisa se não espera para além de trapalhadas e reivindicações.
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Uma nota final, que muito ajuda à esperança que a comissão de inquérito infunde nos nossos corações. Diz ela respeito à nomeação do camarada Isaltino, perdão, Vitalino, para a presidência dos trabalhos.
Um homem capaz de tudo e do seu contrário, de ser contra o trabalho temporário ao mesmo tempo que dirige, ou lá o que é, o respectivo lobby, ou lá o que é, capaz de justificar por a-b toda e qualquer asneira do seu bem amado chefe Pinto de Sousa, vai presidir à comissão que tem por fim desmontar os vandalismos financeiros do dito, na sua mais abortiva manifestação.
Temos ou não razão para esperar maravilhas de mais este inquérito parlamentar?

António Borges de Carvalho
António Borges de Carvalho foi eleito deputado em 1979 e 1980 pelo PPM, a cujo Grupo Parlamentar presidiu, tendo presidido a Comissão de Revisão Constitucional (primeira revisão) e à Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia da Republica. Foi também vice-presidente da Comissão Parlamentar de Defesa, tendo colaborado na redacção da Lei de Defesa Nacional.

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