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Manuel Beninger

quinta-feira, 1 de março de 2012

Intelectuais à Portuguesa

Não posso deixar de comentar o modo como poetas, pintores, escritores e quejandos são qualificados por determinado tipo de gente que faz da cultura um bem próprio da sua tribo de privilegiados. Se a tribo não vai com a cara do artista, os gostos do resto da comunidade não riscam. Pois, são eles que determinam a categoria dos autores por critérios que só eles conhecem. Felizmente, muitas vezes, tal acaba por se não passar dessa maneira. 
O Julgamento do Povo acaba por vencer esse tipo de barreiras. Eu sinto-me livre para tirar esta conclusão. Neste país, afirmo-o com mágoa, só é considerado intelectual, escritor, poeta, quem assim for etiquetado por uma entidade politicamente correcta que, na sombra, faz a certificação de cada um. Geralmente essa entidade está invariavelmente ligada a uma seita ou a um partido político. O resto é para esquecer, pois mesmo que um autor represente os verdadeiros valores nacionais que a maioria da população assumiu, não serve. Está ao arrepio dos seus interesses inconfessáveis de branqueamento da história e da própria cultura. Se um verdadeiro poeta é cantado pelo Povo, que sabe os seus versos de cor, mas não preenche as exigências desses grupos de intelectuais, por eles é considerado um poeta de segunda, podem crer. Ora vejam, muitos dos considerados poetas de primeira, daqui a uns anos ninguém conhece ou se lembra da excelência das suas rimas. Os que são recordados pela poesia que logo nos entrou nos circuitos da memória, mas que remam contra essa poluída maré, estão fora do esquema pré determinado pelos certificadores do politicamente correcto. Claro que os verdadeiros poetas, pintores e escritores acabam por vencer a torpe indiferença e perseguição que lhes é feita.
Não se pense que só neste país é que esses fenómenos acontecem. A Jorge Amado, o grande escritor da língua portuguesa, nunca foi atribuído o Prémio Nobel da Literatura, o que é um espanto. No seu livro, “Navegação de Cabotagem”, que é um pouco das suas memórias, declara peremptoriamente que o motivo do bater da porta desse galardão em relação à sua pessoa como escritor, residia na sua voluntária saída do Partido Comunista, protestando contra as perseguições feitas a intelectuais comunistas que teimavam pensar pela própria cabeça. Por esta perspectiva, já compreendemos quais as razões porque o grande Miguel Torga nunca foi laureado com o Prémio Nobel.!!! Enfim, vidas, como diria o outro…! Visto isto, resta-me uma única vingança possível. Dá-me o maior dos gozos discutir e conversar com esses intelectuais de pacotilha, que para mim olham com ar sobranceiro, de quem espreita a ralé do patamar superior, mas que muito pouco ou nada valem. Na verdade, eu próprio não posso aspirar a ser um intelectual por que não alinho com os seus métodos que denotam uma forma miserável de tentativa de encarcerar o espírito de um povo num cofre-forte de obscuros interesses. Muitas vezes, tenho dó da miséria intelectual de alguns pseudo artistas que por aí andam a exibir a sua inteligência e que, bem encostados à parede, não dão uma para a caixa, não passando de medíocres, autênticos gigantes de papelão com pés de barro. Neste País só é intelectual quem enfileira com o poder organizado na sombra. E se contra esses gangues do pensamento nada posso fazer, pois são eles que têm a força nas mãos e que me proíbem o acesso aos grandes órgãos de comunicação, já posso gozar como um perdido quando me faço de parvo perante os bacocos que para mim se exibem como os supra sumo da inteligência e da intelectualidade. Na verdade, como diz o simpático e inteligente Dalai Lama, o maior prazer de uma pessoa inteligente é fingir ser idiota diante de um idiota que finge ser inteligente. Ora, já que nunca poderei sonhar ser considerado intelectual, pois a nomenclatura não mo permite, resta-me a liberdade para chamar a estes idiotas, cómodos e falsos intelectuais arregimentados, “Bacocos, bacocos bacocos”

António Moniz Palme 

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