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Manuel Beninger

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Economia Baseada no Conhecimento [EBC] e o seu impacto no crescimento e desenvolvimento na dimensão económica e social.

O objecto principal deste artigo é um contributo modesto de um análise inter-relacional entre conhecimento, factor critico de sucesso, e inovação factor decisivo na [EBC], de uma forma muito sucinta para melhor compreensão e entendimento desta temática. Assim mesmo, podemos avaliar da [EBC] as suas implicações na criação de valor, incorporando e convertendo o conhecimento criado e gerado pelas pessoas nos sistemas dinâmicos não lineares tais como; sistema social ou sociedade, organizações e organizações empresarias, em inovações sociais, modelos, métodos e estilos de gestão, tecnologias, novos produtos e serviços inovadores comercialmente viáveis. Tampouco, o conhecimento cria uma dinâmica com um efeito incremental de crescimento da taxa do produto (boosting effect growth) e por conseguinte, conduzindo ao surgimento de efeitos sustentáveis de desenvolvimento (sustentaining effect development). Na economia do conhecimento a concorrência deixou de ser entre produtos e serviços, e passou a ser uma concorrência entre competências, capacidades e recursos.
As  mudanças que se têm verificado a nível organizativo e social, ao longo do tempo permite estabelecer uma relação de estabilidade taxonómica organizativa e social, distinguindo três vagas transformações sociais, humanas e económicas; (1) revolução agrícola, (2) revolução industrial, (3) era pos-indsutrial ou mais designadamente era da sociedade do conhecimento ou “knowledge based economy” [EBC], termo cunhado e designada na literatura por distintos autores proeminentes como Drucker (2000), Toffler (1994), Quinn (1971), Reich (1993), Starbuck (1971), Ghoshal, Bartlett y Moran (1999), Nonaka (1991) e Handy (1994), Nonaka e Takeuchi (1995), a nova economia ou a sociedade do conhecimento, assume na actualidade uma função primordial, preponderante e chave, tanto no meio social como organizativo porque está mudando o modo de competir das organizações, principalmente nas empresas. Em síntese, evoluímos para um mundo dividido em três civilizações contrastantes e rivais, a primeira é simbolizada pela enxada, a era da revolução agrícola, caracterizada pela exploração rural, da terra em que a economia é consiste num concentrado, inexistência de livre concorrência, a designada economia feudal. A segunda vaga, revolução industrial, caracteriza-se por um fluxo migratório das pessoas do campo para a cidade, a existência de grandes linhas de montagem e produção, a massificação da produção, o princípio da sincronização, a maximização do lucro, estandardização dos processos, pessoas, produtos e serviços, opacidade organizativa- inexistência de uma visão integrada das actuações futuras no médio e longo prazo- estruturas burocráticas, centralizadas, formalistas e complexas. É a designada era do materialismo ou era da metafísica. Por fim, era pós-industrial ou sociedade do conhecimento em que os conceitos básicos são a criação e geração de valor e fidelização dos clientes internos (colaboradores) e externos (clientes) Paiva (2009). Os construtos ou paradigmas subjacentes à sociedade do conhecimento, são a optimização dos recursos ou as capacidades organizativas e o enfoque nas pessoas, através da criação e geração de valor mediante as pessoas, incorporando ou cristalizando o conhecimento das pessoas em novos e inovadores produto, serviços e tecnologias, modelos, métodos e estilos.  De acordo com os distintos autores Ghoshal, Bartlett e Moran (1999) cit “ (…) os gerentes necessitam definir as suas organizações como criadoras de valor em lugar de apropriadoras de valor (…)”. Vários autores como Kim e Mauborgn (1997),  colocam a seguinte questão? Porque algumas organizações, regiões e países são capazes de sustentar elevadas taxas de lucro, crescimento e desenvolvimento e outras não? Caso dos países desenvolvidos Japão, Alemanha, Noruega, Suécia, EUA, Koreia, Canadá, Austrália e Inglaterra onde se verifica uma maior competitividade e países de economias emergentes ou em transição tais como; Índia, Brasil, China e a Indochina e Tailândia. A questão colocada por estes autores, está correlacionada com a criação de valor nas organizações, economias regionais ou de países através da criação de conhecimento em actividades produtoras de conhecimento (I+D, C+T), criando uma dinâmica de crescimento e desenvolvimento sustentado, de onde não só o conhecimento do sector de actividade ou das várias dimensões económicas é suficiente mas também a criação de novos conhecimentos, convertido em novos produtos, serviços, processos, métodos e tecnologias, modelos e inovações viáveis e comercializáveis. Desta forma, as diversas economias, organizacional, local, regional ou nacional, garantem a sua continuidade e sobrevivência, configurando-se o surgimento de uma dinâmica de vantagem competitiva ou um diferencial de eficiência. Para se viver bem um país tem de produzir bem, isto significa, que é a capacidade produtiva de um pais que determina os seus padrões de vida, onde os seus recursos são utilizados de uma forma bastante eficiente e eficaz, traduzida num maior diferencial competitivo que os restantes países. A inexistência de diferencial competitivo tem como o ónus da prova aqueles que produzem menos, em vez sobre os que produzem mais, sobre aqueles que deixam homens, maquinas, infra-estruturas e terras desocupadas e que podem ser usadas. É impressionante como podem ser encontradas tantas razões para justificar um tal desperdício; estagflação, défice da balança de transacções correntes, orçamentos desequilibrados, divida externa excessiva, perda de confiança no euro, factores que conduziram a uma ineficácia e ineficiência económica, traduzida por uma flutuação económica recessiva, com tendência para se tornar numa situação de recessão económica.
 O elevado grau de incerteza e descontinuidade, devido à turbulência e volatilidade e complexidade dos mercados, a sofisticação das necessidades da demanda, factores que caracterizam a sociedade do conhecimento, determinaram que as fontes tradicionais de vantagem competitiva se erosionaram. Assim sendo, factores como a globalização dos mercados, a elevada volatilidade e turbulência dos mercados e a competência internacional, a sofisticação das necessidades e demandas dos clientes, fornecedores e competidores, o incremento das capacidades tecnológicas e o investimento em produção de (I+D e C+T) e o encurtamento do ciclo de vida dos produtos, factores alavancadores do crescimento e desenvolvimento, o enfoque principal é nos recursos estratégicos, apenas os recursos que contribuem para a criação de valor, e assim de eficiência competitiva ou vantagem competitiva como pressuposto fundamental de sobrevivência e continuidade das diversas dimensões económicas e sociais, através do processo de mudança organizativa e estrutural e social. Isto significa, que numa economia onde a única certeza é a incerteza do futuro, a única fonte segura de vantagem competitiva é o conhecimento. Como afirma Drucker (1994) as actividades geradoras de valor, na [EBC] são a produtividade e a inovação, drives económicas de crescimento e desenvolvimento. Os países desenvolvidos e em transição evoluíram para o pós-capitalismo ou sociedade do conhecimento [EBC], em que o recurso estratégico fundamental, em substituição dos tradicionais inputs ou factores de produção capital, trabalho e recursos naturais é o saber, o conhecimento. Assim sendo, os factores produtivos, como afirma Drucker (1994), são substituídos pelo conhecimento e o que interessa agora é a rentabilidade dos trabalhadores não manuais, e isso exige aplicação do saber ao saber. Na dimensão micro (individual) a criação de valor, através da aquisição de conhecimento; formação, qualificação, aprendizagem e educação é pressuposto fundamental para gerar valor e incrementar crescimento e desenvolvimento sustentado a nível organizativo (meso ou médio), e por conseguinte a nível macro (local/regional ou de pais).
Na sociedade do conhecimento, “o knowledge worker”, é o activo mais importante na organização. Todas as organizações têm de se preparar para o abandono de tudo o que fazem, como assinala Drucker (1994), cit “(…) a vitória será das organizações e indivíduos capazes de se reinventarem continuamente (…)”, Harvard Business Review, e mais afirma, Drucker (2000, pp. 6-7): cit “(…) Para os gerentes, a dinâmica do conhecimento impõe um imperativo claro: toda a organização tem que saber administrar a mudança em sua própia estrutura (...). Afinal, toda a organização tenderá que aprender a inovar e agora a inovação pode e deve ser organizada, como um processo sistemático (…)”. Pettigrew e Whipp (1993, pp. 212) assinalam que “(...) as empresas que têm êxito são aquelas que criam uma base de conhecimento, que compreende tanto o conhecimento técnico como social e que podem vinculá-los às condições competitivas “.

Autor;
Julio Henrique Paiva Figo
Doutorando em Economia e Administração de Empresas.
Universidade de Santiago de Compostela (USC).


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