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Manuel Beninger

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A Ética e Corporate Governance factores Estratégicos de Competitividade


Este artigo tem como propósito ser um modesto contributo para melhor entendimento da temática dos conceitos ética e corporate governance, como factores estratégicos de vantagem competitiva. A nova ordem mundial caracterizada pela economia do conhecimento, em que os factores tradicionais de vantagem competitiva deram lugar a novos factores de eficiência competitiva tais como; a globalização, desregulamentação, tecnologia, maior proximidade geográfica, inovação, volatilidade dos mercados, encurtamento do ciclo de vida dos produtos e a nova consciência ecológica, factores alavancadores de vantagem competitiva. Deste modo, define-se ética como o conjunto de actuações, comportamentos e atitudes que afectam positivamente ou negativamente uma determinada situação ou pessoas por deficiência moral ou intenção amoral (negligencia), conscientemente não deverá ter determinada altitude ou comportamento, mas mesmo assim o pratica. De acordo com a OCDE, o paradigma corporate governance consiste num sistema através do qual as organizações ou empresas são geridas e controladas, dando enfoque à estrutura da governação, porque especifica a distribuição dos direitos e responsabilidades entre as diversas partes envolvidas nas organizações tais como; a administração, a direcção, accionistas e outros stakeholders e explica as regras e procedimentos das decisões tomadas. Tampouco, os aspectos fundamentais incluídos nos “ Principios de Corporate Governance”, referem-se aos direitos, tratamentos equitativos, à divulgação das informações de gestão, transferência de responsabilidades dos gestores. O sucesso de qualquer organização com ou sem fins lucrativos, publica ou privada ou outra dimensão económica, não depende apenas da adopção de estratégias de optimização dos recursos e maximização dos lucros, mas também pela adopção de estratégias que permitam promover e fomentar a responsabilidade social; como a nova consciência ecológica, a protecção do ambiente, o fenómeno das externalidades e o seu impacto nos custos sociais e taxa de crescimento do produto, traduzido no bem-estar socioeconómico. A finalidade de uma organização com ou sem fins lucrativos, é satisfazer os desejos e necessidades da demanda; clientes, usuários, isto significa ter uma lógica económica de financiar o bem-estar económico e social, através da obrigação social com a criação de postos de trabalho emprego- e geração de lucro, reacção social contribuindo para a resolução de problemas sociais como o talento dos colaboradores e gestores e sensibilidade social através de promoção e divulgação de causas ambientais e sociais. A incompetência e desonestidade, resultante da má gestão, implicam elevados custos sociais e económicos que se traduzem em prejuízos para as organizações públicas ou privadas e por conseguinte para a sociedade em geral. A perda de desempenho económico e competitivo, pela incompetência técnica e de liderança dos gestores ou decisores públicos, é o reflexo do fraco desempenho e eficiência competitiva (vantagem competitiva) das organizações públicas ou privadas. Os vários escândalos e comportamentos vividos nas ultimas décadas em Portugal por má gestão tais como; o caso de Isaltino Morais, Freeport,  Duarte Lima e outras deficiências de competência por má governança, são algumas razões explicativas para uma gestão ambígua e pouco ética, com efeitos negativos e nefastos na confiança, imagem e credibilidade de Portugal nos empreendedores, accionistas e investidores e consequentemente na sociedade em geral. A violação dos princípios éticos e morais resultantes da má gestão dos decisores públicos e organizativo, veio reforçar o surgimento de mecanismos que conduzam a uma maior transparência das politicas e práticas de gestão das organizações publicas ou privadas. Ademais, é imperativo a adopção de mecanismos que conduzam a uma maior transparência da gestão das empresas, organizações através da obrigatoriedade de informação fidedigna, práticas e politicas de governação transparentes e potencias a importância da responsabilidade social no contexto da economia do conhecimento. De acordo com distintos autores da literatura estratégica, a ética e a corporate governance (governação transparente) são visualizados como factores estratégicos de vantagem competitiva para as organizações e para a sociedade e para um País. Tampouco, são as elevadas actuações éticas que definem a cultura de uma organização ou de um País e por conseguinte contribui para o sucesso económico e social. Os investidores valorizam pouco economias (organizacionais, locais, regionais e nacionais) que suscitem pouca confiança e credibilidade, resultantes de conflitos socioeconómicos, políticos e culturais. Os investidores, accionistas, empreendedores e agentes de desenvolvimento, privilegiam e dão maior enfoque estratégico a economias com ausência de conflitos socioeconómicos, já que produzem um efeito centrípeto (tendência de aproximação) nos investidores e outros agentes de desenvolvimento, por garantirem estabilidade e equilíbrio económico, social, político e cultural. As economias que adoptem uma cultura ética e socialmente responsável, fomentando e promovendo valores e princípios éticos de responsabilidade social, obtêm maiores retornos e rentabilidades incrementando o seu diferencial competitivo, dotando as diversas economias (organizativa, local, regional e nacional) com maior potencial competitivo conduzindo ao sucesso económico através de obtenção de maior performance e vantagem competitiva comparativamente com outras economias.
Autor;
Julio Henrique Paiva Figo
Doutorando em Economia e Administração de Empresas.
Universidade de Santiago de Compostela (USC) - (Artigo_5)  

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