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Manuel Beninger

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O stress no trabalho - Artigo de opinião de Sílvia Oliveira

Sabemos que o modo como as pessoas vivem e trabalham influencia, consideravelmente, a sua saúde e longevidade. Por isso, os indivíduos, de uma forma geral, apresentam interesse numa vida saudável, equilibrada e harmoniosa, estando estas intenções de acordo com a definição de saúde da OMS, “um estado completo de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças”.
Mas, em oposição ao desejo de saúde declarado pelo indivíduo e a sociedade, encontramos o stress assumido e aceite como um modo de vida que evoluiu desde o período da Revolução Industrial e chega aos nossos dias como o maior responsável pela diminuição da qualidade de vida do trabalhador, sendo por isso mesmo uma das principais áreas de preocupação da sociedade atual.
Segundo dados publicados pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, o stress relacionado com o trabalho afeta 41 milhões de trabalhadores, por ano, em todos os ramos de atividade. Isto equivale a cerca de 600 milhões de dias de trabalho perdidos, constituindo esta situação um motivo de preocupação devido aos efeitos sociais e de saúde pública para o século XXI. Só na União Europeia, o fenómeno do stress está no segundo lugar entre os problemas de saúde mais frequentes, no contexto da saúde ocupacional, afetando 28% dos trabalhadores do mercado, provocando, numa ótica quantitativa, quebras de ritmos de produção, causados pelo desgaste da capacidade produtiva dos trabalhadores, custos com a saúde e medicina ocupacional, para a reabilitação dos recursos humanos, gastos com a formação, reposição e integração de novos trabalhadores, para além das greves e do absentismo.
Considerando a relação específica entre o stress e o trabalho, a Comissão Europeia, definiu-o como um conjunto de reações emocionais, cognitivas, comportamentais e fisiológicas face às adversidades no trabalho, podendo essas mesmas adversidades ou dificuldades provindas do ambiente social onde se desenvolve o trabalho, evoluir para quadros patológicos e crónicos como é o  burnout  - um síndrome simultaneamente emocional e físico, no qual o desgaste se instala progressivamente, até que surge o colapso. Quando as organizações não consideram o “lado humano” de qualquer atividade, utilizando as pessoas, podem levar os indivíduos a uma deterioração do seu desempenho, trazendo com isso prejuízos pessoais, organizacionais e na relação com os outros, colegas, família e amigos. A esta realidade juntam-se as mudanças no trabalho: o mercado é globalizante e extremamente competitivo; o trabalho é mais intenso, exige mais tempo e é mais complexo; produz-se mais, com menos pessoas, e menos recursos; o ritmo alucinante com que se trabalha deteriora o relacionamento com colegas, elimina a solidariedade e o verdadeiro trabalho em equipa, destruindo também a criatividade; há conflito de valores e desequilíbrio entre as exigências do trabalho e os princípios pessoais, entre outras, aumentando com tudo isto o desgaste físico e emocional com níveis de stress cada vez mais elevados.
Em conclusão, sendo o trabalho um problema de saúde pública e parte integrante da existência humana, uma vez que o homem moderno tem dificuldade em dar sentido à sua vida se não for pelo trabalho, a questão a colocar perante esta realidade deixa de ser trabalhar ou não trabalhar, para ser qual o trabalho, quais os riscos oferecidos e quais as consequências que podem advir?

Sílvia Oliveira
Deputada pelo PPM na Assembleia Municipal de Braga
Jornal “Diário do Minho” de 5 de Setembro, pág. 16

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