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Manuel Beninger

sábado, 1 de dezembro de 2012

Carlota Joaquina terá inventado a caipirinha?


A obra “Histórias Secretas de Reis Portugueses” é editada pela Casa das Letras, “revista e aumentada”, sete anos depois da primeira edição.
Na introdução, Alexandre Borges afirma que “não tem pretensões a fazer história, mas a de contar histórias”, mesmo “arriscando erros e imprecisões”, tudo “pelo prazer de embalar o auditório”.
O autor afirma que conta as histórias, como a do carvoeiro Filipe Brito, que foi “Rei da Birmânia” nos finais do século XVI, “como se estivéssemos à mesa, no fim de um jantar, ou diante de uma lareira”.
Ao casal D. João VI e Carlota Joaquina dedica o autor um capítulo intitulado "Até que a morte nos separe", no qual revela que, logo em criança, Carlota Joaquina "já nascera vilã", e o conde de Louriçal, encarregado de negociar o contrato de casamento com o ainda príncipe D. João, "antipatizou logo com ela", afirmando que era "irriquieta e traiçoeira".
Da mulher de D. João VI dá conta o autor que era apelidada de "megera de Queluz", aludindo ao palácio onde viveu até poder casar de facto com o príncipe, e refere que teve uma "extensa lista" de amantes, do marquês de Marialva ao cocheiro da quinta do Ramalhão.
Afirma o autor que "só os filhos nascidos até 1801 terãos sido" de D. João VI e de Carlota.
A invenção da caiprinha, "a confirmar-se, terá sido o único contributo da megera-rainha para o bem do Brasil", escreve Alexandre Borges.
O autor desvenda, entre outras, a história do “Dr. Tavares”, nome que o rei D. Luís usava à noite quando corria Lisboa em busca de aventuras amorosas, “acompanhado do amigo Magalhães Coutinho, esse, sim, médico de verdade”.
D. Luís sucedeu ao irmão, D. Pedro V, falecido anos depois da mulher, Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen que, segundo o autor, citando o laudo da autópsia, “morreu virgem”. Alexandre Borges dedica um capítulo ao casal régio que intitula “O mistério da pureza”.
A estátua de D. Pedro IV, no Rossio, em Lisboa, que pode ser do Imperador Maximiliano do México, é outra história que o autor recupera, e que já José Cardoso pires fizera eco em "Lisboa - Livro de bordo", citando o autor três teses.
De acordo com uma das lendas associadas à estátua, de autoria da dupla francesa Gabriel Davioud e Élias Robert, esta poderá ter sido trocada na alfândega de Lisboa, com destino ao México, onde se poderá encontrar, assim, uma do rei português, embora o facto seja “altamente improvável”.
Outra das histórias, é que a estátua estava em depósito na alfândega da capital, pois a revolução liderada por Benito Juárez pusera fim à monarquia mexicana e a escultura em bronze não seguiu.
Finalmente, a terceira história lenda, associada à estátua, admite que foram os próprios criadores que a alterarem sabendo do concurso internacional para uma estátua ao rei português que declarou a independência ao Brasil.
Segundo o autor, com a estátua de Maximiliano na sua oficina, Davioud e Robert “amputam-lhe o braço que carrega o cetro imperial e trocam-no por outro que ostenta a Carta Constitucional, mudam-lhe os botões da casaca, distinguem-no com um colar da Torre e Espada e dão-lhe guia de marcha para Lisboa”.
Entre reis e rainha, o autor dedica um capítulo a Henrique Paiva Couceiro (1861-1944), sobre o qual afirma que, após a proclamação da República, em 1910, “a monarquia viveu nele”, e afirma que “nenhum historiador concordará, mas foi ele o último Rei de Portugal”.
Licenciado em Filosofia, Alexandre Borges trabalhou como jornalista, tendo-se estreado como guionista de televisão em 2000. Recentemente tem escrito documentários para a RTP2, designadamente, “Nós, republicanos” ou “Santos de Portugal”.

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