Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

domingo, 21 de abril de 2013

Declaração Política do PPM Açores


O Sistema Educativo Regional
A qualidade do sistema educativo está diretamente relacionada com o desempenho económico, a produtividade, a inovação, a mobilidade social, a igualdade de oportunidades, a qualidade da vida cívica e a vitalidade das práticas democráticas.
Não existe nenhum futuro para as sociedades que não conseguem desenvolver um sistema educativo humanista e de qualidade. A verdade é que os Açores exibem hoje, em termos de resultados, um dos piores sistemas educativos da OCDE. Os resultados dos testes intermédios realizados recentemente revelam que somos os piores do país. Ficámos atrás de todos e todos ficaram à nossa frente.
Meus senhores, eu não posso aceitar isto. Não posso aceitar a mediocridade do nosso sistema educativo. Não posso aceitar que os nossos jovens sejam remetidos para o fundo da lista no âmbito do acesso às melhores universidades nacionais. Não posso aceitar que o nosso sistema educativo mate, todos os anos, os sonhos de afirmação de milhares de jovens açorianos.
Não posso aceitar estes níveis de abandono escolar. Não posso aceitar que o lugar dos nossos jovens seja o fundo de uma tabela com trinta regiões. Não posso aceitar este presente. Recuso-me a aceitar esse futuro.
Um jovem que tenha nascido no início da governação socialista tem hoje 17 anos. Ou seja, é o produto educativo de quase duas décadas de políticas socialistas neste sector. Os socialistas dirão que têm muito cimento para somar e exibir. É verdade que sim, com os sacrifícios de todos. Mas este facto não ajuda a explicar nada. Pelo contrário, soma ainda mais perplexidade. Temos melhores escolas, mas afundamo-nos nos resultados escolares.
Dirão, também, os que aqui praticam a apologia do regime que temos um quadro docente estabilizado. É verdade que sim, mas esse facto soma ainda mais perplexidade à explicação da questão que temos entre mãos: por que razão os nossos resultados escolares são os piores do país?
Finalmente, alguns deputados da situação dirão que tudo isto é inevitável. Que somos nove ilhas. Que nos encontramos a 2 mil quilómetros do território continental. Que no tempo do Viriato e do D. Sebastião ainda era pior. Dirão que esta é uma condição intrínseca da nossa condição insular. Não aceito isso! Estas ilhas e este povo merecem e justificam toda a ambição. A nossa aspiração tem de ser a excelência. O nosso lugar, o primeiro.
O que temos então de fazer para resgatar os nossos jovens do contexto de mediocridade do nosso sistema educativo?
A primeira coisa a fazer é problematizar os representantes da chamada “academia da lagoa”, que produziu os diretores regionais de educação dos últimos cinco anos.
 Esta corrente caracteriza-se, entre muitas outras coisas, por confundir uma escola com um quartel. O acessório com o estruturante. O talento para burocracia inútil com a eficácia. O batom com a caneta. O favoritismo e a bajulação com a competência. A inspeção regional com a PIDE. A inteligência com a esperteza saloia. A conspiração e a traição com a lealdade.
Nas circunstâncias tão difíceis que enfrentamos no âmbito do sistema educativo, é necessário que os que têm capacidade para pensar não se tornem reféns da inércia e da mediocridade de uma qualquer mestre-escola prisioneira das suas próprias limitações e maquinações. O caminho não é este, mas é este o trilho que se percorre atualmente.
A segunda questão reside na necessidade de rever o regulamento de concursos. Os finlandeses têm, reconhecidamente, o melhor sistema educativo do mundo. A explicação é simples: recrutam os melhores para o seu sistema educativo.
Nos Açores, as coisas foram invertidas. Transformámos o sistema educativo regional numa espécie de bunker. Recrutamos, quase tão só e apenas, os alunos da Universidade dos Açores. O resultado é que alguém que terminou um curso na área da educação com 20 valores, e em qualquer outra universidade do país, fica sempre atrás de quem obteve um mísero 10 na Universidade dos Açores. Desta forma não se atraem os melhores. O resultado de 15 anos de concursos docentes realizados nestes moldes é o que se vê.
A terceira questão que é necessário atacar é a recentragem de toda a organização do sistema educativo nas necessidades do aluno e a erradicação da floresta de burocracia pedagógica e administrativa inútil.
Tudo tem de ser organizado em torno do aluno. Não se trata apenas de dar um teto de 8 horas e uma refeição quente aos mais desfavorecidos. Temos de saber, diariamente, motivá-lo. Temos de partilhar a alegria pelos seus progressos e auxiliá-lo nas suas dificuldades. Temos acalentar os seus sonhos e fornecer-lhe o caminho de acesso à sua vocação profissional.
Temos de fazer tudo isto mais cedo e de forma mais empenhada. No fundo, temos de humanizar o nosso sistema de ensino. Quebrar as barreiras entre a secretária do professor e a carteira do aluno. Não se trata de alterar muito a legislação. Trata-se, acima de tudo, de mudar de atitude e de metodologia.
Hoje, um professor pode alcançar, no sistema educativo regional, a classificação de excelente, apesar de todos os alunos das suas turmas terem reprovado no exame nacional. Meus senhores, isto é inaceitável e tem de ser alterado.
Em suma, os resultados obtidos pelo nosso sistema educativo constituem uma catástrofe. Temos de inverter esta situação. Não temos, enquanto povo, futuro sem outro futuro para a educação. A mudança é necessária. A mudança é urgente.

Sem comentários:

Enviar um comentário