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Manuel Beninger

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Extinção de freguesias

Jornal “Diário do Minho” de 12 de Outubro, última pág.


Agora que está na ordem do dia a redução do número de freguesias, venho manifestar publicamente a minha discordância pela extinção de qualquer uma.

Se se chegar à conclusão de que devem ser extintas, então que o sejam todas e fiquem só as Câmaras Municipais. Não se marginalizem nem se abram guerrilhas entre as populações.

Se o problema é financeiro, deixem de pagar aos presidentes das juntas e respectivos vogais. Que o cargo seja exercido como foi durante muitos anos, por participação cívica e não como agora, em que muitos viram nesta forma mais um rendimento a acrescentar ao seu salário.

Não paguem senhas de presença nas Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesia.

Para mim e para muito dos

meus conterrâneos, a freguesia onde residimos é um espaço que nos diz muito.

Nascemos, fomos baptizados, fizemos a nossa 1.ª comunhão, crisma, profissão de fé, casámos, e os nossos filhos também foram baptizados na nossa lindíssima igreja paroquial. Frequentámos a escola primária da 1.ª à 4.ª classe e foi a terra onde nasceram os nossos avós, pais, tios e irmãos.

Sou o eleitor mais antigo da freguesia. Tenho o n.º 2. Não sei quantos eleitores mais com este número existirão no concelho de Braga. E ainda guardo o meu 1.º cartão de eleitor. O que possuo é o original de Dezembro de 1978.

Na época, realizámos o recenseamento eleitoral, sem a obtenção de qualquer benefício financeiro e com trabalho voluntário e desinteressado.

Participávamos nas mesas eleitorais e não eram pagas.

Actualmente, as pessoas são pagas, na câmara, na assembleia municipal, na junta de freguesia, na assembleia, quando estes lugares deveriam ser única e exclusivamente de participação cívica.

Certamente que se for aprovado o óbito de alguma ou algumas freguesias, esses concidadãos vão deixar de participar em actos eleitorais, como será o meu caso, e na vida cívica.

Não vislumbramos o que é que o país ganhará com essa medida, a não ser alguma convulsão social.

Penso até que a extinção de freguesias vai levar à famosa suspensão da democracia e, mais tarde, como aconteceu com a criação de alguns municípios, as populações vão lutar pela sua freguesia e será muito mau que isso aconteça.

Deixem, nesta parte, estar como está, que parece que não está mal, a não ser o caso das remunerações, que devem ser cortadas.

Para finalizar, concordo plenamente com o aperfeiçoamento da gestão e da lei eleitoral.


Hernâni Monteiro

Presidente da Assembleia de Freguesia de Merelim (São Paio)