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Manuel Beninger

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

“Os governantes não conhecem o país”. Quem o diz é Gonçalo Ribeiro Telles

O arquitecto, político e professor é foi hoje homenageado em Lisboa.

Gonçalo Ribeiro Telles, 89 anos, considera que são muito pouco os governantes que conhecem bem o país. O arquitecto e político critica, em especial, o conhecimento que têm do mundo rural.

“Eu julgo que eles não conhecem bem o que é o problema do mundo rural. Tenho boa impressão [da ministra da Agricultura], não sei é se ela percorre o país. Não é percorrer o país de automóvel, é percorrer o país passo a passo. É preciso conhecer o país, conhecer a estrutura do país. A maior parte [dos governantes] não conhece o país, salvo honrosas excepções”, afirma o arquitecto paisagista em entrevista à Renascença.

Gonçalo Ribeiro Telles foi secretário de Estado do Ambiente de vários Governos provisórios, ministro da Qualidade de Vida e deputado. É monárquico - fundador do PPM - e um opositor do antigo regime. A ele se devem alguns dos diplomas fundamentais na área do ambiente e é um fervoroso defensor da união entre campo e cidade. É também um reconhecido arquitecto paisagista. Hoje, é homenageado na Fundação Calouste Gulbenkian, que o classifica como "homem de serviço" – uma referência que aceita.

“Não sei ainda serviço a quê, mas julgo que praticar um serviço com boas intenções e com determinados objectivos que são os outros, que são o local onde nascemos, que são a memória que conhecemos, se isso é um serviço, gosto de ser um homem de serviço”, afirma à Renascença.

Na entrevista, o fundador do PPM aborda, ainda, a questão da eliminação dos feriados de 5 de Outubro e 1 de Dezembro, medida de que discorda: “Tirar dois feriados, um feriado tem um valor extraordinário para a economia do país? E uma desflorestação como está a fazer, destruindo aldeias, a ocupação por urbanismo das melhores terras de cultura, isso não interessa? Isso não conta para a economia do país?”,

Ribeiro Telles remata o assunto com um conselho: “Tenham juízo. Tratem de coisas mais importantes em termos do quotidiano e deixem ficar os feriados. Por amor de Deus!”.

Fonte: RR