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Manuel Beninger

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Os sonhos, uma ferramenta para a crise...; por Sílvia Oliveira


Sonhar é uma antecipação mental de uma determinada realidade que é uma possibilidade, o resto é um trabalho de inspiração, coragem e optimismo, mas também de confiança em nós mesmos. Quem sonha parece não ter dúvidas de que é preciso alguma paciência para levar os sonhos por diante. Os sonhos nocturnos apontam-nos o passado, o que sonhamos acordados apontam o futuro, são previsões voltadas para a optimização da nossa vida no mundo.
Como diz Augusto Cury para sonhar é preciso “libertar criatividade” e ter “dois remos para conduzir o barco: a paciência e a coragem”, mas também determinação e esperança. Na opinião de Cury “a maneira como enfrentamos rejeições, decepções, erros, perdas, sentimentos de culpa, conflitos nos relacionamentos, críticas e crises profissionais, entre outras situações, pode gerar maturidade ou angústia, segurança ou traumas, líderes ou vítimas, sendo estas as diferenças no homem que levam ou não, os sonhos a conquistas. É importante lembrar que só tem vontade de avançar aqueles que têm horizontes, pois se não conseguem imaginar o dia de amanhã é porque nem sequer querem que ele exista.
Há pessoas que sonham um curso, um título, um emprego, outras há em que os seus sonhos são orientadores de vida, são as metas e os objectivos, mas também há os que sonham com um mundo melhor, com a igualdade, a liberdade, a paz, entre muitas outras coisas.
Mas será que sonhamos ou nos deixamos levar pela ilusão, criando fantasias irrealizáveis? Ou até que ponto embarcamos numa fuga para a frente, concentrando-nos no futuro, negligenciando o presente ou evitando o passado?
A impossibilidade de sonhar nasce na infância, na fase de crescimento que coincide com a capacidade de edificarmos o nosso mundo à medida que nos separamos dos nossos pais. Quando as coisas não correm bem desenvolve-se na criança dependência em relação ao adulto ou omnipotência, neste caso, com crianças extremamente autónomas e funcionais que na aparência parecem não precisar de ninguém, dando a ideia de que foram capazes de fazer uma separação saudável dos seus cuidadores, só que as coisas nem sempre são o que parecem, nestes casos são crianças que deixaram de confiar nos adultos. Mas, tanto num caso como noutro há nestas crianças/adultos excesso de amor ou de desamor sendo o resultado uma grande incapacidade de estar consigo próprio, de imaginar ou sonhar.
Nesta continuidade encontramos pessoas com excesso de sonhos, diria de ilusões. São indivíduos com dificuldade em se adaptar à realidade, refugiando-se, por isso, na interpretação da mesma, o que os faz viver de fantasias e fracassos. Para Cury "quem viver preso num casulo com medo dos acidentes da vida, além de não os eliminar, será frustrado”.
Outros ainda, que enterram os seus sonhos nos solos da sua timidez e nos destroços das suas preocupações.
Neste processo também os pais podem ser postos em causa, na medida em que sonham em vez dos filhos, criam fantasias sobre eles, desenvolvem sonhos desajustados à realidade dos seus filhos, podendo em casos extremos prejudicá-los de forma traumática, isto para não falar nas decepções que os próprios pais sentem devido às suas próprias invenções.
O sonho pode bem ser a necessidade fundamental de um mundo material ou a capacidade de ver e antecipar o não visível mas que tem potencial de se tornar concretizável. Quando sonhamos uma realidade desejada, de alguma forma tentamos, com esse sonho, aproximarmo-nos da possibilidade de ela ser real. Por isso, definir por onde queremos caminharia com audácia e disciplina, independentemente do nosso passado e de estarmos a viver uma situação menos boa, é mobilizador de uma enorme energia que nos permite perceber que é possível ir sempre mais longe e nos encaminha para onde queremos chegar.

Sílvia Oliveira
Deputada pelo PPM na Assembleia Municipal de Braga
Jornal Diário do Minho de 23 de Fevereiro, pág. 2

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