O arquiteto paisagista e agrónomo é homenageado hoje na Fundação Calouste Gulbenkian. Ribeiro Telles afirma que vai continuar a "lutar por uma autenticidade do nosso território".
O arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles disse hoje, em dia de homenagem pública, em Lisboa, que continuará a fazer o mesmo de sempre: "lutar por uma autenticidade" do território português.
"[No futuro] estou a pensar em fazer exatamente o mesmo: a lutar por uma autenticidade do nosso território. [Lutar] contra politicas que destroem a relação com as gentes, com a qualidade de vida e com a própria História", afirmou Ribeiro Telles aos jornalistas.
Durante o dia de hoje, o arquiteto paisagista e agrónomo é homenageado na Fundação Calouste Gulbenkian e já explicou que as pessoas são quem são também por causa da envolvência que tiveram.
Contra o caminho tecnocrático
"Somos nós próprios, mas também a circunstância que encontrámos e eu encontrei muitas vezes a circunstância ótima", afirmou.
Referindo o muito que foi feito, mas também o que falta fazer, até ao nível do conhecimento, Gonçalo Ribeiro Telles afirmou que "talvez" tenha contribuído para lançar um programa.
O arquiteto continua a chamar a si a luta pela "autenticidade" contra um caminho "popularmente" chamado de "tecnocrático ou que dá dinheiro em pouco tempo e serve para muita gente enriquecer e empobrecer muita outra".
Durante a manhã, várias personalidades falaram do arquiteto como "Homem e Político".
O sociólogo António Barreto usou como definição um "homem simples e generoso, suave e doce, apesar de firme".
"Mais político que os políticos profissionais"
Um homem que se "passeia pelos salões dos poderosos, come pastéis de bacalhau na leitaria da esquina, frequenta seminários académicos, bebe um refresco em locais imagináveis e trata por tu grandes e pequenos".
Além de ser "mais político que os políticos profissionais. Obrigado Gonçalo", concluiu Barreto. Por seu lado, o presidente da Fundação, Rui Vilar, lembrou a ligação do arquiteto ao local e considerou-o um "homem de princípios", enquanto o presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme d' Oliveira Martins, enumerou a "sabedoria, coerência e visão" e provou a sua teoria lendo um texto de Ribeiro Telles de 1956.
O filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço elogiou a ação de Ribeiro Telles de "escutar a terra e o planeta", caracterizando-o como um "misto de santo de Assis e Jean Jacques Rosseau e jardineiro de Deus".
O político Augusto Ferreira do Amaral preferiu referir o "perfeito cavalheiro" e a "personalidade de esquerda, sem ser folclórico e jacobino", ao mesmo tempo que tem personalidade "conservadora" porque o seu critério principal "é a pessoa humana".
Mostrar o poder das ideias
Também no painel Ribeiro Telles como político, Luís Coimbra recordou o partido monárquico, a participação em governos e na Aliança Democrática, assim como o episódio em que o arquiteto atrasou uma campanha eleitoral por estar a aconselhar os agricultores a soltarem as vacas enquanto chovia.
Diogo Freitas do Amaral garantiu que o mais impressionante para si é Ribeiro Telles ser um "homem de bem", "mostrar o poder das ideias".
Da época em que estiveram na AD (1979-83), Freitas do Amaral confessou hoje, pela primeira vez, ter servido de inspiração para fundar a primeira cadeira de Direito do Ambiente numa faculdade.
Fonte: Expresso