As recentes declarações do Presidente da República referentes à sua pensão de reforma mal lhe chegar para as despesas, abriu uma onda de indignação e de críticas contra o chefe de Estado que chegaram ao ponto de lançar suspeitas do “envolvimento” de Cavaco Silva na morte do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, morto juntamente com o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, a 4 de Dezembro de 1980, na queda de um avião no bairro de Camarate, junto ao aeroporto de Lisboa.
Ora, essas acusações foram transmitidas através de um blogue anónimo, anti-maçom e, alegadamente, feito por portugueses “exilados” no Brasil.
Como as acusações contra um chefe de Estado são sempre um assunto grave, julgo importante esclarecer alguns factos, tanto mais que o blogue anónimo reproduz artigos jornalísticos escritos por um militante do PPM e que foi, inclusive, cabeça de lista do partido nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, o jornalista Frederico Duarte Carvalho.
Facto 1: Frederico Duarte Carvalho é um jornalista com 20 anos de experiência profissional, cidadão livre e com participação cívica activa através do PPM. Tem assinado livros e textos sobre Camarate e não necessita de se proteger no anonimato para divulgar as suas investigações, como se pode comprovar na leitura do texto explicativo que recentemente colocou no seu blogue:
Facto 2: Aníbal Cavaco Silva, actual Presidente da República, foi ministro das Finanças de Francisco Sá Carneiro e, a 20 de Novembro de 1980, duas semanas antes da tragédia de Camarate, Cavaco Silva recebeu do primeiro-ministro a incumbência de investigar um fundo militar conhecido como Fundo de Defesa Militar de Ultramar (FDMU) e que funcionava sob a dependência dos militares do Conselho da Revolução. Cavaco Silva chegou a assinar um despacho-conjunto ao qual faltou a assinatura do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Os documentos constam do arquivo da antiga secretária de Sá Carneiro, Conceição Monteiro, e as cópias dos originais podem ser vistas no blogue do ex-deputado do PSD, José Pacheco Pereira
Facto 3: Ao fim da manhã do dia 4 de Dezembro de 1980, data da tragédia de Camarate, Cavaco Silva – conforme relatou na sua autobiografia política - esteve reunido com Sá Carneiro e o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, juntamente com os principais militares dos vários ramos das Forças Armadas. A reunião serviu para preparar o orçamento dos militares.
Facto 4: Após a morte de Sá Carneiro e do ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, nunca mais houve notícia sobre a investigação ao fundo militar, mas, em Dezembro de 2004, a VIII Comissão de Inquérito Parlamentar de Camarate, presidida pelo deputado do CDS/Braga, Nuno Melo, concluiu que, a 4 de Dezembro de 1980, houve uma explosão a bordo do avião onde seguiam Sá Carneiro e Amaro da Costa e que um provável móbil para o atentado de Camarate seria a investigação pedida ao FDMU. Essas revelações foram depois confirmadas publicamente em Famalicão e devidamente registadas no “Diário do Minho”.
Facto 5: Em Março de 2011, Diogo Freitas do Amaral, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros durante o governo de Sá Carneiro e, posteriormente, ministro da Defesa debaixo da liderança de Francisco Pinto Balsemão, foi testemunhar perante a IX Comissão de Inquérito Parlamentar de Camarate, onde chamou a atenção para a necessidade de se investigar, nos dias de hoje, o que sucedeu realmente ao fundo militar de Ultramar.
Facto 6: A IX Comissão de Inquérito de Camarate terminou antes de ter concluído a investigação devido à convocação de eleições antecipadas pelo agora Presidente da República, Cavaco Silva. Apesar das palavras do actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, proferidas no passado dia 4 de Dezembro de 2011, para que se faça uma X Comissão, a verdade é que a mesma ainda não foi criada na Assembleia da República.
Assim, face às suspeitas lançadas sobre a figura do Chefe de Estado, exorto os partidos representados na Assembleia da República para que procedam à criação da X Comissão de Camarate, de modo a concluir os trabalhos deixados a meio pela IX Comissão e que se esclareça qual o papel do actual Presidente da República na investigação ao FDMU.
MB
MB
Pedir a abertura de uma X comissão de inquérito, para se investigar o Fundo de despesa militar do ultramar, acho muito bem. Meter ao barulho as acusações não provadas, alto lá e para o baile...
ResponderEliminarAmanhã aparece alguém a dizer que o Presidente da Républica andou a efectuar carjacking aos domingos de 2010 e toca lá a abrir uma comissão de inquérito porque alguém o pediu...
Pedro Borges de Macedo
...É perder tempo, tudo isto!
ResponderEliminarEm Portugal a culpa morre sempre solteira!
A propósito: Então e o rombo no BPN não tem culpados? Nem no BPP? Nem no BCP?
E não precisamos de X Comissão de Camarate! Precisaríamos sim de I Comissão sobre o FDMU!
Mas em país de ladrões e chicos-espertos, estas comissões são apenas mais uma variante do Carnaval...