Social-democrata e ex-presidente da Câmara de Cascais, António Capucho defende que proposta do Governo para extinguir freguesias é um "disparate completo".
O social-democrata e ex-autarca António Capucho classifica como "um disparate completo" e uma "palhaçada" os critérios propostos pelo Governo para a extinção de freguesias , pelos quais o ministro Miguel Relvas tem dado a cara.
"De repente, aparece uma norma, que é a que está na proposta de lei, completamente cega, que é corta ao meio. Se tem seis, passa a três. Se tem 18, passa a nove. É um disparate completo", afirmou hoje o antigo presidente da Câmara de Cascais em entrevista à Antena 1.
António Capucho, 67 anos, defende ainda que, no caso das zonas rurais que estão "a uma distância brutal da capital do concelho", o Executivo revelou "muito pouca cautela" e explica porquê: "Se podemos acabar com freguesias urbanas, no interior do país é muito complicado, nalguns casos, cortar freguesias que perderam tudo, a escola, o centro de saúde, os correios".
"Hoje mesmo espantei-me ao ver o Fernando Ruas, que é mandatário nacional de Pedro Passos Coelho, a criticar fortemente esta verdadeira palhaçada que é a diminuição do número de municípios e freguesias tal como está proposto na Assembleia da República, que não tem pés nem cabeça. E Fernando Ruas critica de uma forma veemente, sem qualquer receio, o ministro Relvas.", remata.
Miguel Relvas "não é a pessoa acerta"
O atual presidente da Fundação D. Luís I questiona ainda as razões que levaram o Governo a manter o PS à margem de uma reforma prevista no Memorando de Entendimento assinado com a troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia).
"O Estado está lá apenas na junta de freguesia, que está a uma distância brutal da capital do concelho, e portanto esta lei, assim, não faz sentido, não vai ser consensual. O PS, evidentemente, não a pode votar", disse.
Mas o ex-conselheiro de Estado vai ainda mais longe e chega mesmo a considerar que o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, "não é a pessoa acerta" para lidar com as autarquias.
"Não gosto nada da maneira como ele está a tratar as autarquias, nomeadamente esta última carta [a pedir às autarquias para revelarem as dívidas] que ele escreve com o ministro das Finanças é uma vergonha autêntica, embora o fundamento para a carta exista", disse.
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