Os únicos reis que tiveram filhos mas não bastardos foram D. Manuel I e D. José, afirma a investigadora Isabel Lencastre que referencia várias personalidades, nomeadamente o ex-primeiro-ministro José Sócrates, como descendentes de bastardos reais.
Isabel Lencastre é autora da obra 'Bastardos Reais. Os filhos ilegítimos os Reis de Portugal', editada pela Oficina do Livro, em que escreve que, dos 32 Reis portugueses, seis não tiveram filhos e, dos restantes 26, apenas D. Manuel I, o Venturoso, que se casou três vezes, e D. José, "muitas vezes enganado pela sua mulher", não tiveram filhos fora do alcova nupcial.
Todavia, apesar de não terem regalias oficiais, os bastardos reais tinham deferência e proeminência face a titulares administrativos, militares ou eclesiásticos e desempenharam "posições de relevo na corte e no país", e alguns ascenderam mesmo ao trono, como D. João I.
O primeiro rei, D. Afonso Henriques, era filho de uma bastarda de Afonso VI de Leão e Castela, D. Teresa. É um bastardo quem deu origem à Dinastia de Avis e à de Bragança, a última que reinou em Portugal.
Também os Filipes de Espanha, que reinaram em Portugal de 1580 a 1640, descendiam de Henrique II de Castela, filho ilegítimo de Afonso XI.
A autora nomeia ainda várias personalidades que descendem de bastardos reais, como José Sócrates, de D. Afonso III, tal como descendem a rainha
Sílvia da Suécia, Evita Perón, o ex-Presidente francês Valéry Giscard d'Estaing, o actor e empresário José Diogo Quintela ou ainda o gestor António Mexia e o dirigente desportivo Jorge Nuno Pinto da Costa.
Sílvia da Suécia, Evita Perón, o ex-Presidente francês Valéry Giscard d'Estaing, o actor e empresário José Diogo Quintela ou ainda o gestor António Mexia e o dirigente desportivo Jorge Nuno Pinto da Costa.
São vários os cruzamentos e as linhas genealógicas que a autora faz para, de um bastardo de um monarca que reinou de 1248 a 1279, chegar "sangue real" aos dias de hoje.
Isabel Lencastre refere ainda outras personalidades descendentes de bastardos de outros Reis, como os empresários Francisco Pinto Balsemão, Miguel Pais do Amaral e Carlos Horta e Costa que descendem de bastardos de D. Pedro IV de Portugal e primeiro imperador do Brasil.
A obra está organizada por dinastias e segue os diferentes reinados, não havendo qualquer referência de bastardos das rainhas D. Maria I e D. Maria II. Também seis reis não tiveram quaisquer filhos, casos de D. Sancho II, D. Sebastião, D. Henrique, D. Afonso VI, D. Pedro V e D. Manuel II, sobre o qual a autora não tem qualquer espaço na obra.
Isabel Lencastre afirma que "se contam por várias dezenas" os bastardos régios desde a fundação de Portugal até à proclamação da República em 1910. A maior base de dados genealógicos portuguesa identifica 77 filhos ilegítimos de Reis. Dados que para a investigadora pecam por ser redutores e afirma, a título de exemplo que "houve quem atribuísse, em 1826, a D. Pedro [IV] a paternidade de 43 bastardos".
Uma das bastardas reais que viveu até aos finais do século XX e que reivindicou a continuidade da linhagem real foi Maria Pia, "putativa bastarda de D. Carlos", que "não sendo um modelo de virtudes conjugais", a autora questiona a paternidade.
Isabel Lencastre afirma que D. Carlos teve amantes "de todos os géneros e feitios, desde atrizes famosas até fidalgas dos quatro costados, passando por camponesas e criadas do paço", mas relativamente a Maria Pia apresenta várias dúvidas relativamente à idomeidade dos documentos apresentados, que eram cópias de uma suposta carta do Rei e de presumível registo baptismal.
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