A Assembleia Municipal de Braga aprovou, anteontem à noite, uma recomendação à Câmara Municipal para que «faça todos os esforços para que seja encontrado um espaço para reinstalar a histórica Barbearia Matos», recentemente despejada do edifício da Rua do Souto. A mesma Assembleia reprovou, contudo, a classificação da “Sala Egípcia”, localizada na mesma artéria, que ainda não foi despejada.
A recomendação sobre a Barbearia, apresentada pelo PPM, mereceu a unanimidade dos eleitos municipais, depois de Marcelino Pires ter defendido que o Município envidou esforços para que o imóvel fosse classificado, de acordo com uma resposta que, curiosamente, a Câmara tinha remetido horas antes à Mesa da Assembleia.
De acordo com a missiva municipal, desde 2007 que a Câmara fez várias diligências com vista à possível classificação da Barbearia, mas, de acordo com a lei, «não é possível a classificação patrimonial de espólios móveis ou estabelecimentos», tendo a célebre barbearia acabado despejada há poucos dias.
Agora, os eleitos municipais, que em setembro tinham pedido a sua classificação, apelam à Câmara para que apoie a reinstalação do estabelecimento, depois de João Granja do PSD ter manifestado «abertura para que esta possa voltar abrir portas no miolo urbano». «Nada temos a opor, pensamos que até poderia ficar na futura Confiança ou aqui no “GeNeRATion”», concordou Marcelino Pires.
Curiosa foi a atitude dos deputados municipais do PS e dos autarcas independentes, que, chamados a votar em separado a recomendação de classificação da Sala Egípcia como “imóvel de interesse municipal”, reprovaram a iniciativa do monárquico Manuel Beninger, permitindo, assim, que as pinturas únicas daquele espaço continuem a ser diluídas pela humidade que o invade.
A Sala Egípcia motivou ainda um aparte do deputado bloquista António Lima, com este ex-responsável do Sindicato do Comércio, que ocupava aquele espaço, a lembrar que a estrutura sindical estava, então, disponível para comprar e recuperar o imóvel, mas a Câmara recusou dar um aval para que obtivesse financiamento, por se alegadamente proibido. «É proibido proteger património, mas se for para o Sp. Braga já pode», lamentou o deputado, perante a indignação de Mesquita Machado.
A curiosa concepção de defesa do património, espelhada nesta decisão da Assembleia, levou alguns a considerar que «a solução é despejar já a Sala Egípcia, que depois os deputados apoiarão a sua reinstalação».
Jornal “Diário do Minho” de 22 de Abril, pág. 7
Capa jornal “Diário do Minho” de 22 de Abril
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