São mais de quinhentos anos de história ao abandono, de que apenas o mato, a vegetação selvagem e o vandalismo tomam conta. Imagens sagradas já não existem e até as paredes, porque tectos já ninguém os vê há muito, ameaçam ruir. Há décadas que ninguém quer saber do secular Convento de S. Francisco do Monte, em Viana do Castelo, e muitos desconhecem a sua existência. Fica em pleno monte sobranceiro à cidade e o acesso faz-se a pé, num duro caminho de pedra, recheado de memórias de outros tempos.
Isolado no meio da encosta do Monte de Santa Luzia, no Lugar de Abelheira, Viana do Castelo, convento do século XIV está há vários anos à espera de ser classificado pelo IGESPAR, como monumento de interesse público.
A cerca de quatro quilómetros do centro de Viana do Castelo, aquele convento foi o terceiro fundado em Portugal pela Ordem Franciscana. Em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas, foi comprado em hasta pública pelo visconde de Carreira, que constituiu no espaço da cerca uma exploração agrícola. A partir da década de 60 do século XX, o espaço entrou em progressivo estado de degradação e, em 1987, o último proprietário, Rui Feijó, doou-o à Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo, que em 2001, por 250 mil euros, o vendeu ao IPVC.
Viana do Castelo: Convento de S. Francisco continua a ser "uma grande dor de cabeça" para o IPVC
Ciclicamente, e geralmente nesta altura do ano, há um movimento anónimo que vem a público alertar para o estado de abandono do Convento de S. Francisco do Monte, localizado entre as freguesias de Santa Maria Maior e Meadela. Actualmente o espaço encontra-se encoberto por silvas e outro tipo de vegetação mas o seu legítimo proprietário, o Instituto Politécnico de Viana do Castelo, diz que pouco pode fazer em relação ao imóvel. Rui Teixeira recorda que foi adquirido pelo seu antecessor, Lima de Carvalho, que pretendia lá instalar um Retiro Académico, recuperando o edifício histórico à semelhança daquilo que foi feito pelo IPVC com os Serviços Centrais, o ex-BC9 ou o Convento de Refóios. Mas pouco depois de ter sido adquirido, e com o fim da governação de António Guterres, os fundos comunitários para este tipo de intervenção continuaram a decair a olhos vistos. Hoje ainda mais difícil se torna recuperar o espaço, já que as prioridades do IPVC são hoje outras, como garantir o pagamento aos seus funcionários e assegurar que os alunos conseguem continuar a estudar num clima de qualidade.
Rui Teixeira diz que apesar de esta ser uma aposta arriscada, devido ao enorme esforço económico que uma intervenção no Convento de S. Francisco implicaria, se mantém o intuito de lá criar um Retiro Académico. Até lá o IPVC só pode mesmo manter as ruínas até porque, diz Rui Teixeira, qualquer intervenção que lá vá sendo feita tem as suas consequências. Por agora o IPVC diz que só se pode limitar a manter as ruínas até encontrar o melhor momento para investir naquele espaço. Vender também não parece ser uma hipótese, já que até hoje houve apenas um potencial interessado, que terá apresentado ao IPVC “uma proposta pouco séria”. Recorde-se que este convento franciscano foi fundado em 1392 por Frei Gonçalo Marinho.
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