Este artigo tem como propósito ser um modesto contributo
para melhor entendimento da temática dos conceitos ética e corporate
governance, como factores estratégicos de vantagem competitiva. A nova ordem
mundial caracterizada pela economia do conhecimento, em que os factores
tradicionais de vantagem competitiva deram lugar a novos factores de eficiência
competitiva tais como; a globalização, desregulamentação, tecnologia, maior
proximidade geográfica, inovação, volatilidade dos mercados, encurtamento do
ciclo de vida dos produtos e a nova consciência ecológica, factores
alavancadores de vantagem competitiva. Deste modo, define-se ética como o
conjunto de actuações, comportamentos e atitudes que afectam positivamente ou
negativamente uma determinada situação ou pessoas por deficiência moral ou
intenção amoral (negligencia), conscientemente não deverá ter determinada altitude
ou comportamento, mas mesmo assim o pratica. De acordo com a OCDE, o paradigma
corporate governance consiste num sistema através do qual as organizações ou
empresas são geridas e controladas, dando enfoque à estrutura da governação,
porque especifica a distribuição dos direitos e responsabilidades entre as
diversas partes envolvidas nas organizações tais como; a administração, a
direcção, accionistas e outros stakeholders e explica as regras e procedimentos
das decisões tomadas. Tampouco, os aspectos fundamentais incluídos nos “ Principios
de Corporate Governance”, referem-se aos direitos, tratamentos equitativos, à
divulgação das informações de gestão, transferência de responsabilidades dos
gestores. O sucesso de qualquer organização com ou sem fins lucrativos, publica
ou privada ou outra dimensão económica, não depende apenas da adopção de
estratégias de optimização dos recursos e maximização dos lucros, mas também pela
adopção de estratégias que permitam promover e fomentar a responsabilidade
social; como a nova consciência ecológica, a protecção do ambiente, o fenómeno das
externalidades e o seu impacto nos custos sociais e taxa de crescimento do
produto, traduzido no bem-estar socioeconómico. A finalidade de uma organização
com ou sem fins lucrativos, é satisfazer os desejos e necessidades da demanda;
clientes, usuários, isto significa ter uma lógica económica de financiar o bem-estar
económico e social, através da obrigação social com a criação de postos de trabalho
emprego- e geração de lucro, reacção social contribuindo para a resolução de
problemas sociais como o talento dos colaboradores e gestores e sensibilidade
social através de promoção e divulgação de causas ambientais e sociais. A
incompetência e desonestidade, resultante da má gestão, implicam elevados
custos sociais e económicos que se traduzem em prejuízos para as organizações públicas
ou privadas e por conseguinte para a sociedade em geral. A perda de desempenho
económico e competitivo, pela incompetência técnica e de liderança dos gestores
ou decisores públicos, é o reflexo do fraco desempenho e eficiência competitiva
(vantagem competitiva) das organizações públicas ou privadas. Os vários
escândalos e comportamentos vividos nas ultimas décadas em Portugal por má
gestão tais como; o caso de Isaltino Morais, Freeport, Duarte Lima e outras deficiências de competência
por má governança, são algumas razões explicativas para uma gestão ambígua e
pouco ética, com efeitos negativos e nefastos na confiança, imagem e
credibilidade de Portugal nos empreendedores, accionistas e investidores e
consequentemente na sociedade em geral. A violação dos princípios éticos e
morais resultantes da má gestão dos decisores públicos e organizativo, veio
reforçar o surgimento de mecanismos que conduzam a uma maior transparência das politicas
e práticas de gestão das organizações publicas ou privadas. Ademais, é
imperativo a adopção de mecanismos que conduzam a uma maior transparência da
gestão das empresas, organizações através da obrigatoriedade de informação
fidedigna, práticas e politicas de governação transparentes e potencias a importância
da responsabilidade social no contexto da economia do conhecimento. De acordo
com distintos autores da literatura estratégica, a ética e a corporate
governance (governação transparente) são visualizados como factores estratégicos
de vantagem competitiva para as organizações e para a sociedade e para um País.
Tampouco, são as elevadas actuações éticas que definem a cultura de uma
organização ou de um País e por conseguinte contribui para o sucesso económico
e social. Os investidores valorizam pouco economias (organizacionais, locais,
regionais e nacionais) que suscitem pouca confiança e credibilidade,
resultantes de conflitos socioeconómicos, políticos e culturais. Os
investidores, accionistas, empreendedores e agentes de desenvolvimento, privilegiam
e dão maior enfoque estratégico a economias com ausência de conflitos
socioeconómicos, já que produzem um efeito centrípeto (tendência de
aproximação) nos investidores e outros agentes de desenvolvimento, por
garantirem estabilidade e equilíbrio económico, social, político e cultural. As
economias que adoptem uma cultura ética e socialmente responsável, fomentando e
promovendo valores e princípios éticos de responsabilidade social, obtêm
maiores retornos e rentabilidades incrementando o seu diferencial competitivo, dotando
as diversas economias (organizativa, local, regional e nacional) com maior
potencial competitivo conduzindo ao sucesso económico através de obtenção de
maior performance e vantagem competitiva comparativamente com outras economias.
Autor;
Julio Henrique Paiva Figo
Doutorando em Economia e Administração de Empresas.
Universidade de Santiago de Compostela (USC) - (Artigo_5)
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