terça-feira, 15 de maio de 2012

Falido o território querem cremar o Cadáver da História de Portugal


Portugal está a ser vilipendiado no seu espaço físico e na sua dimensão histórica 

O último episódio quixotesco partiu da garra do deputado José Ribeiro e Castro que em Março último votou contra a proposta de lei nº 46/XII que pretende acabar com alguns feriados.
Nomeadamente com o 1º de Dezembro (1640). Justificou-se assim: «Votei contra por não aceitar a eliminação do feriado nacional do 1º de Dezembro que nela se contém. O feriado do 1º de Dezembro quer o feriado em si, quer sobretudo a data e o valor patriótico que simboliza e celebra. Se este feriado fosse extinto teríamos de mobilizar-nos para o restaurar por lei, propósito com que estou comprometido, como português, como cidadão, como deputado... Trata-se da evocação da última vez em que Portugal, tendo perdido a independência, a reconquistou. É marco fundamental da História nacional, sem o qual nada decidiríamos por nós: não existiríamos, livres e soberanos na comunidade das Nações... Sem o 1º de Dezembro, quase tudo da nossa História e de toda a Lusofonia seria radicalmente diferente...É o primeiro dos feriados, o feriado dos feriados, o feriado fundador».
Basta, Dr. Ribeiro e Castro. Vai desculpar que um simples aprendiz de história, um rabiscador de crónicas de rua, que foi a Nuambuangongo (coração da guerra em Angola), servir a História com todas as suas forças patrióticas, lhe venha dizer, com toda a frontalidade. O Senhor deputado tem imunidade parlamentar, tem mordomias mensais que ultrapassam a minha tensa anual. E tem à sua mercê todos os palanques para se defender. Estamos em desvantagem profunda. Apenas me represento, porque não fui eleito. Foi por isso que na noite de 5 do corrente não fui à sede da ACIG, em Guimarães, assistir à apresentação do seu livro: 1º de Dezembro Dia de Portugal. Sabe porquê? Se eu e outros como eu, lá tivéssemos ido, teríamos perguntado ao autor deste provocatório livro, por que motivo o veio apresentar à Capital Histórica de Portugal, no decurso da Capital Europeia da Cultura, com a agravante do apresentador desse livro ser o Presidente da Câmara que estipulou os vencimentos escandalosos para os administradores da CEC e que entre 1976 e 1990, anuiu ao entendimento de todas as forças políticas para que houvesse consenso na celebração do 24 (de Junho de 1128), - esse sim – o «Feriado Fundador, o primeiro dos feriados, o feriado dos feriados». O Senhor deputado quando escreveu isso, estaria a pensar nessa «primeira Tarde Portuguesa» do 24 de Junho de 1128, quando D. Afonso Henriques conquistou a libertação, a emancipação e a autonomia do Condado Portucalense. Teve ele o dom da profecia, ao bater-se em tantas batalhas, desde Valdevez a Ourique, provando a sua valentia, coragem e astúcia e confirmando o Reino que está simbolizado no Escudo Nacional que a Causa Real continua a ostentar no seu estandarte. Quero que saiba, Senhor Deputado que navegamos em águas políticas muito próximas. Sempre tive por si muita admiração. Em 2009 desliguei-me da minha claque política por ter sido ela co-responsável pela fraude histórica que nesse ano se cometeu, a nível nacional, ao celebrarem Viseu e Guimarães, os nove séculos do nascimento do nosso I Rei e, sobretudo, ao aceitarem nessa celebração, a cidade de Viseu para berço desse nascimento. Lutei quase sozinho e alguma imprensa regional, contra todos os poderes: local, regional e central. Incluindo a Academia Portuguesa de História, à qual chamei aquele nome feio que Alfredo Pimenta lhe chamou, na sua qualidade Académico de Número, em 1944, quando os seus pares quiseram, em vão, expulsa-lo: «Caverna de Bandoleiros»!
Tive que usar os argumentos que bebi nesse Vimaranense de fibra, que foi anarquista, republicano e que, entre 1915 até à sua morte, em 1950, foi um monárquico indefectível. Ele e os integralistas que, se fossem vivos e lessem estes seus argumentos, tentariam fazer-lhe no seio da Causa Real, o que os membros da restaurada Real Academia de História quiseram fazer a Alfredo Pimenta. Se ele fosse vivo e averiguasse o significado da apresentação do seu livro no Centro Histórico de Guimarães, teria provocado o quarto «duelo» em que ele se especializou. É verdade Senhor Deputado: saberá que quando ocorreu a Restauração de Portugal já os Portugueses desses 512 anos que entretanto decorreram haviam conquistado tudo quanto havia para conquistar. Nessa altura já os amigos espanhóis, nuestros hermanos fidelíssimos, tinham recebido dos nossos antepassados cópia do Tratado de Tordesilhas (1494) mediante o qual lhes deram metade do hemisfério. Por isso Senhor Deputado:Não há amor como o primeiro. A História Portuguesa é riquíssima em datas carregadas de simbolismo: Ourique, Aljubarrota, Restauração, 5 de Outubro, 25 de Abril. Mas não tomemos a Nuvem por Juno. Use esses argumentos mas a favor do Dia Um de Portugal que foi o 24 de Junho. Como fizeram os diferentes executivos autárquicos entre 1976 e 1990: conjugar esforços e consensos para que esse dia deixasse de ser apenas feriado municipal no Berço da Pátria, mas no país inteiro. Gastou-se muito dinheiro, proferiram-se muitos discursos, vieram cá todos os Presidentes da República e todos os governos se fizeram representar, com promessas que ainda não cumpridas. Pergunte aos seus correlegionários de Guimarães se isto foi ou não verdade. Eles estiveram lá comigo. E consigo contamos todos, Senhor deputado!

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