segunda-feira, 7 de maio de 2012

Onde se fala mirandês?


A língua mirandesa é falada em todas as aldeias do concelho de Miranda do Douro, com excepção de duas (Atenor e Teixeira), e em três aldeias do concelho de Vimioso (Vilar Seco, Angueira e Caçarelhos), no distrito de Bragança. O mirandês foi, apressadamente, dado como extinto em aldeias como Caçarelhos, porém, apesar de muitíssimo debilitado, continua aí a ser falado por pessoas de idade. A área ocupada pela região onde se fala o mirandês tem à volta de 500km2 de superfície e situa-se na fronteira com a província espanhola de Zamora (Aliste e Sayago). O mirandês é também falado por muitos mirandeses que imigraram para as principais cidades do país ou que emigraram para o estrangeiro.

Na cidade de Miranda do Douro, onde segundo alguns autores deixou de se falar mirandês no início do século XVII, a língua tem vindo a regressar com as pessoas das aldeias que, nos últimos anos, aí têm vindo a fixar residência. Também desde há alguns anos as crianças da cidade usufruem do ensino da língua mirandesa nas escolas públicas. Apesar disso, a fala mirandesa não é de uso normal na cidade, mas sim o português e, dada a quantidade de turistas espanhois que a visitam para fazer compras ou simplesmente comer, o castelhano.  Daí que, para se ouvir falar mirandês, a cidade de Miranda do Douro não seja o local adequado, razão porque são apressadas e sem fundamento as conclusões que apontam para a extinção do mirandês pelo facto de não se falar na cidade que é capital administrativa da terra de Miranda. 
O espaço onde se falou mirandês ou outras variedades do astur-leonês já foi bastante mais vasto, incluindo, em traços gerais e grosseiros, toda a zona do distrito de Bragança que se situa entre a margem esquerda do rio Sabor e a fronteira com Espanha. Terá sido assim na Alta Idade Média, regredindo progressivamente em direcção à fronteira. Além do mirandês, outras falas astur-leonesas se mantiveram até há pouco tempo na zona fronteiriça do concelho de Bragança, chamada Lombada, em particular nas aldeias de Rio de Onor, Guadramil, Deilão e Petisqueira. Porém, a fala leonesa tem sido dada como extinta nestas aldeias, embora não seja totalmente clara a situação de Rio de Onor.

Apesar de já não se falar mirandês nessa região mais vasta, ainda pode falar-se de uma cultura comum, em particular na área correspondente à medieval Terra de Miranda (concelhos de Miranda do Douro, Vimioso, Mogadouro e parte dos concelhos de Freixo de Espada à Cinta, de Bragança e de Macedo de Cavaleiros), cultura essa que se manifesta pelo ar de família que o vocabulário usado continua a manter, pela fonética e muitas construções sintácticas do português falado nessa zona, pela similitude de festas, tradições, música e dança.

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