No seguimento da minha anterior publicação, "A "Ajuda" e
Portugal", acrescento uma nota intimista.
Por ocasião de uma visita ao Palácio Nacional da Ajuda, numa das salas
do piso térreo, realizei longe dos olhares da funcionária que procedia
gentilmente à visita guiada, um acto de simples experiência sentimental e
intimista - procedi à abertura das portadas interiores de um dos vãos da sala,
que se encontravam fechadas, para protecção térmica do espaço, e assim
sentir através da minha própria atitude, a sensação que teriam os
"ocupantes" deste magnífico monumento, ao abrir e sobretudo olhar
para o espectacular abraço do rio e mar, naquele azul aberto iluminado pelo
reluzente sol, daquele mesmo dia...um dia igual a muitos outros, disso tenho a
certeza absoluta, tão próprio da capital Lisboa.
Não tenho dúvidas algumas, que aqueles insígnes olhares e pensamentos
perante tal cenário, corresponderiam ao mais alto afecto pela "sorte"
de fazerem parte de um País abençoado por algo "divino" que nos
impeliu para a aventura da conquista do horizonte imenso.
No fundo, bem no fundo, experimentei nesse dia, uma só vez, algo que
muitas vezes foi feito, o "deslumbre" da realidade de um Reino, e da
pesada herança da responsabilidade da sua representatividade - um legado
histórico a manter.
Digníssima responsabilidade, perante tal compromisso, saber a todo o
momento, que aquela "luz", representava o acto divino da fortuna, ou
espírito de missão de guiar um Povo nos seus desígnios futuros, que só os
monarcas poderão oferecer.
Como poderemos supor, seria talvez fácil concluir a construção fatídica
da Residência Real, como puro "egoísmo" se tratasse, esquecendo as
obrigações de decência e de exemplo perante o Reino (ao contrário, da maledicência
e da propaganda republicana, viciada pela mesquinhez a da inveja, que tanto
imprimiram na sociedade portuguesa, e que ainda hoje prolifera, como herança do
05 de Outubro de 1910). O Palácio Nacional da Ajuda, encerra nele mesmo uma
lição de comportamento adiado que urge reflectir: o "capricho" não
foi concluído perante as dificuldades que o Reino, por diversos motivos, e
sempre por circunstâncias diferentes, atravessou...e ficou assim, como cenário
trágico de aviso de legado para um futuro que nunca quisemos compreender.
Pois bem, ao fechar aquelas portadas compreendi perfeitamente o que os
nossos últimos monarcas sentiram, ter um Portugal repleto de "luz" e
que vale a pena lutar por isso, porque é uma dívida, que não podemos
descurar.
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