Repare-se bem neste
título à largura de toda a página que o Público deu hoje a um livro sobre a
nossa História recente, particularmente no período de 1971 a 1974 e às
actividades revolucionárias de 15 mulheres que integraram um partido –Partido
Revolucionário do Proletariado- Brigadas Revolucionárias- que fez da luta
armada acção política contra o regime de Marcelo Caetano e posteriormente
contra a “burguesia”.
O PRP-BR esteve na
génese das FP25 de Abril, movimento que matou gente, assassinada a sangue frio
( Castelo Branco, um administrador de uma empresa fassista e imperialista-
corrijo, um director-geral de prisões, funcionário do Estado portanto. O
administrador atingido a tiro foi o da Standard Eléctrica, uma empresa
imperialista e por isso mesmo fascista. Aqui neste acórdão do STJ dá-se conta das façanhas
revolucionárias desses beneméritos que o PRP-BR apadrinhou ou gerou) e
outra por engano e acidente ( uma criança em S. Manços, nos anos oitenta).
O Público, num artigo
assinado por São José de Almeida ( quem mais?) tece uma espécie de panegírico a
essas 15 mulheres que “puseram bombas” e “pegaram em armas”, para
combater…quem?
Ora, a “burguesia”, o
“imperialismo” e o “capitalismo”.O execrado "fassismo" que por cá
tínhamos no tempo de Marcelo Caetano. A "ditadura", o horror.
O Público de São José de
Almeida ainda hoje sente nostalgia de tal ideologia de esquerda radical e por
isso publicita com todas as honras de uma página inteira mais foto a condizer,
um livro que pretende contar a história dessa gente que lutava porque achava
que “Era muito insatisfatória a vida naquela altura. Era uma noite escura.
Vìvíamos uma noite muito escura e éramos muito cegos.”
A tal noite escura era o
“fascismo” de Marcelo Caetano, de 1971 em diante…e esta Isabel do Carmo mais
uma dúzia de outras mulheres estavam apostadas em mostrar a luz aos autóctones,
em nome do internacionalismo proletário. Como o poder político das trevas não
deixava, bomba em cima deles e dos seus representantes. E São José de
Almeida aplaude à distância de quarenta anos e o Público publica.
Não queriam matar gente
( somos um povo de brandos costumes) e por isso bastavam-se com bombas. “Não
apadrinhávamos a luta armada violenta, mas achávamos que era necessário fazer
qualquer coisa…”
Esta qualquer coisa era
colocar bombas e destruir bens alheios, eventualmente vidas ( como veio a
acontecer anos mais tarde, por causa da mesma ideologia) em nome de quê, exactamente?
Em nome da luta contra o
“fascismo” de Marcelo Caetano, e para ousar vencer, ousando lutar, em prol do
comunismo mais radical e extremista.
Um comunismo que um
historiador angolano- Carlos Pacheco- muito bem retrata umas páginas à frente
no mesmíssimo Público, a propósito de acontecimentos sangrentos ocorridos em 27
de Maio de 1977 em Angola e atribuídos directamente aos dirigentes do MPLA de
então, particularmente Agostinho Neto. “Durante aproximadamente dois anos o
Estado e o Partido, por obra de monstros e obcecados instalados nos mais altos
patamares do poder, derramaram sobre Angola um verdadeiro inferno de terror que
se traduziu em golpes de sequestro, atrocidades e torturas contra milhares de
cidadãos.”
Cá em Portugal, Isabel
do Carmo e os seus próceres do PRP-BR mais uns tantos, queriam exactamente o
mesmo e só não o conseguiram fazer porque em 25 de Novembro de 1975 foram
desarmados da força que julgavam ter para iniciar a guerra civil que pretendiam
e que não hesitariam em seguir para fazer valer a vitória do
"proletariado" contra a "burguesia". Perderam, mas
desde então vivem na eterna nostalgia da perda. E a jornalista São José de
Almeida entende muito bem essa nostalgia porque participa dela.
Não contentes com a
derrota de então, passada meia dúzia de anos iniciaram a guerra clandestina em
nome dos mesmíssimos princípios e com os métodos usuais, desta vez mais
refinados, para combater a “burguesia”: mortos em atentados à bomba, assaltos a
bancos para “recuperar fundos” e terrorismo ideológico habitual.
É esta gente que a
jornalista São José de Almeida vem agora incensar no jornal, em nome porventura
do romantismo revolucionário. Uma coisa etérea que ainda lhe provoca
arrepios de gozo inefável.
Esta gente não sente
vergonha destes papéis? Ou uma réstia de pudor, já agora?
portadaloja
Concordo perfeitamente com o conteúdo deste artigo.
Gente como Isabel do Carmo é para esquecer. Os
revolucionários são românticos, mas o grupo de que essa facínora fez parte, não
tinha qualquer romantismo, pois era constituído por simples matadores de gente
inocente, pobres funcionários do Estado, cujos filhos e família ficaram na
miséria. Claro que nada se fez para impedir que esses criminosos, após (não) pagarem
as penas em que foram condenados, pudessem ter a sua vida normal como qualquer
outro grupo de cidadãos e até aparecerem nos órgãos de comunicação social, onde
pessoas como eu não têm entrada por motivações políticas. Perderam a revolução que
queriam fazer, e os que ganharam, respeitam-nos, já o mesmo não aconteceria em
situação inversa. Pelo menos, este tipo de artigos são uma alerta à grande
maioria do Povo Português para se aperceber bem quem domina neste país a
comunicação social. Dir-me-ão. Responde a este artigo no Público. Já o tentei
fazer uma vez e truncaram-me o meu artigo de tal maneira, que dificilmente se
percebia. No futuro, talvez seja de se cortar radicalmente com este tipo de jornais
e apenas comprar e ler a imprensa independente que ainda vai havendo.
António Moniz Palme
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