Muita gente existe com ideias feitas sobre a instituição monárquica e
sobre as pessoas da Família Real, e que na troca de simples opiniões, revela um
facciosismo gritante, para não dizer mesmo uma clamorosa falta de seriedade.
Que prefiram a chefia de estado republicana, por motivos emocionais ou
racionais, é uma posição intelectual que se respeita, mas lá que tomem a Nuvem
por Juno, falando de circunstâncias colaterais que nada têm a ver com a opção
política de que cada um, já é outra coisa bem diferente.
Por vezes, alguns críticos da instituição monárquica, a única razão para
a sua tomada de posição politica é o argumento falacioso de que durante a Idade
Média os reis mandavam enforcar e degolar quem não lhes obedecesse. Tipo de
argumento de pessoas que sabem pouco de história e dizem o primeiro disparate
que lhes passa pela cabeça. Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento Inglês e
instituiu o sistema republicano, mandando para o patíbulo Carlos I.
Posteriormente, fartou-se de mandar enforcar e passar pelas armas populações
inteiras que o único pecado que cometiam era sonharem com o regresso do
príncipe Carlos II, filho do rei degolado, e de suspirarem pela sua amada monarquia.
Na realidade, a população estava farta daquela república de fresca data e da
consequente ditadura instituída pela governação de Cromwell e dos filhos,
escolhidos para cargos de chefia por apenas serem seus descendentes. Apesar de
tal, é absolutamente descabido julgar a personalidade política de Cromwell por
essas atitudes impróprias à luz dos valores actuais. Tal comportamento era
moeda corrente numa época em que não havia qualquer respeito pela vida do
semelhante nem pela própria! Na altura, importavam apenas os interesses políticos
de um país, na perspectiva dos governantes. Era de facto, o único valor
respeitável, sobrepondo-se a todos os possíveis e demais interesses. Só por
influência da Igreja, o Valor Vida, com o decorrer dos séculos, passou a ganhar
pontos no ordenamento jurídico e na consciência moral de cada colectividade.
Por sua vez, ainda são invocados alguns argumentos anti-monárquicos,
apoiados no facto de a instituição real estar ligada a pessoas de determinada
categoria social, ou que usam um anel de armas. Ora, as elites monárquicas
assim eram consideradas por actos de bravura ou de boa governação, reconhecidos
pela comunidade. Ainda na actualidade é assim em Espanha, na Inglaterra e nos
países que têm sistemas monárquicos. Mas, assim como essas pessoas entravam num
círculo restrito de personalidades, a chamada nobreza, de lá saíam com a maior
facilidade. A verdadeira nobreza era um espaço, cuja entrada era estreita como
a abertura de um cano de funil e uma saída bastante ampla para expulsar quem
não era digno de pertencer às elites de cada época. Infelizmente, muitos dos
descendentes dessa antiga nobreza, nos países
latinos republicanos, dão maus exemplos, não servindo a comunidade. São
lixo a quem muitas vezes os tablóides dão importância, para fazer vender as publicações.
Aliás, a maior parte dessa gente afirma-se republicana, pois enquanto durar esse
regime, podem continuar a abusar do uso de nomes e dos títulos recebidos por
antepassados, não tendo um comportamento correspondente às suas obrigações
sociais e sem que haja alguém que lhes vá a mão. Numa monarquia, a saída de
pessoas dos estratos sociais mais elevados é constante e substituída pela
entrada daqueles que merecem na realidade ser o escol da Nação. Um verdadeiro
elemento da chamada autêntica nobreza não pode ser um parasita. Vejam o que se
passa nos países europeus mais civilizados e que, por coincidência, são
monarquias. A nobreza é constituída pela melhor gente da colectividade, assim
considerada pelos êxitos intelectuais, profissionais e qualidades de trabalho e
de solidariedade. Mas este tipo de argumentação que ainda aparece, está
ultrapassada atendendo ao suporte que sustenta o ideário monárquico português.
Os monárquicos actuais são gente de todos os quadrantes profissionais, sociais
e económicos, bem diferente desses falsos monarquistas de quem Frei Amador Arrais diria jocosamente:
“ Não há maior
tristeza do que aqueles que dos seus Avós apenas têm a nobreza”
António Moniz Palme – (2012)
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