quarta-feira, 11 de julho de 2012

Carta ao Primeiro Ministro de Portugal. Assunto: MIGUEL RELVAS

Senhor Primeiro-Ministro, Excelência

Tem o IRRITADO a maior das mágoas ao escrever-lhe esta cartinha.
Vossa Excelência é uma pessoa séria. O seu governo é um governo sério. Tem arrostado corajosamente com a atmosfera de guerrilha, ideológica e totalitária da parte de uns, estúpida q. b. de outros, com a contestação das corporações que acham que a austeridade é boa para os outros, com o ataque, a propósito de tudo e de nada, por parte de comentadores, sindicatos e opiniões diversas. Os seus ministros são também pessoas sérias e corajosas, e mesmo a super-ministro Cristas, com o seu socialismo “democrata-cristão”, apesar das asneiras que já fez não é má pessoa e até pode ser que venha a safar-se.
Posto isto, é natural que o objectivo desta seja defendê-lo, o que muito me honra.
Ora a manutenção em funções do seu amigo Miguel Relvas é, indiscutivelmente, fonte de descrédito para si, para o seu governo e para o país. Não entrarei em considerações sobre as pessegadas em que se tem metido, já glosadas com o maior dos gozos pelos seus inimigos e por muito boa gente que, não sendo sua inimiga, acha o que o IRRITADO acha.
Sejam quais forem as culpas ou não culpas do senhor Relvas, o facto é que não há uma só razão para o manter em funções. Que sejam amigos, muito bem. Mas a amizade pessoal não deve servir para segurar uma pessoa detestada e troçada por toda a gente, uma pessoa cujo “estatuto” se confunde cada vez mais com o do senhor Pinto de Sousa, quer dizer, é olhado como aldrabão e oportunista, não interessa se com razão (há tantas!) ou sem ela. Tem, também, dado mostras de similitudes de carácter com o Pinto de Sousa, o que devia abonar, imediatamente, em favor do seu regresso a outras funções, mais pacíficas, menos exigentes e menos expostas.
Dizem que o senhor Relvas é indispensável, em termos partidários. Permita, senhor Primeiro-Ministro que lhe diga que, mesmo dentro do seu partido, as mais das gentes anseiam por vê-lo – ao Relvas - fora do governo. Não queira, senhor Primeiro-Ministro, que seja quem for tenha contra si e contra o seu partido os mesmos argumentos que tinha contra o PS nos indignos e aberrantes tempos do exilado do seizième.
Há momentos na vida de cada um em que mais vale sacrificar um parceiro do que poder ser acusado de cobarde.
É, antes de mais, pela sua dignidade pessoal que lhe peço acabe com esta horrível situação, já que o causador dela parece não ter um espelho lá em casa.

Com os melhores cumprimentos 
IRRITADO
António Borges de Carvalho
(Borges de Carvalho foi o líder do Grupo Parlamentar do PPM na AR)

Sem comentários:

Enviar um comentário