Nas belas terras a norte do Douro existia um condado a que deram o nome
de Portucalense, devido não à cidade que servia de capital do condado, mas do
local onde, por vontade do Vaticano se construiu uma Sé Patriarcal – a cidade
do Porto.
Aliás, foram os nomes de Porto e Gaia quem mais tarde deram o nome ao
país construído pelo Infante Afonso Henriques, filho de D. Teresa e de D.
Afonso, conde gaulês que veio ajudar os reinos de Leão e Castela a combaterem
os mouros, muçulmanos oriundos sobretudo do Norte de África.
Quando morto o pai, Afonso Henriques decidiu combater as forças que
dominavam sua mãe, D. Teresa de origem espanhola que pretendia manter-se fiel e
vassala dos seus antecessores.
Vendo isso, Afonso Henriques organizou um exército e lutou contra o que
obedecia aos sicários de sua mãe, batendo-o na batalha de S. Mamede.
De imediato viu o Castelo de Guimarães cercado pelas forças castelhanas
e leonesas, em maior número e impedindo o abastecimento alimentar dos sitiados,
surgindo então a intervenção do seu aio, Egas Monis que, saindo das muralhas se
dirigiu aos enviados espanhóis, para que levantassem o cerco pois o senhor D.
Afonso iria ele próprio prestar vassalagem aos seus senhores.
Foram aceites as suas palavras, o cerco foi levantado e os espanhóis
regressaram à sua terra.
Mas, não tinham ainda ido muito longe quando Afonso Henriques decidiu
segui-los e fazer-lhes saber, pelas armas, que o Condado Portucalense se
tornaria independente, enviando para tal, ao Vaticano, uma delegação que levava
a mensagem de que Portugal pagaria ao Vaticano uma certa soma em ouro anual,
sendo reconhecido como país independente e fervoroso defensor do cristianismo.
Depois disso, foi só combater os mouros, sarracenos ou árabes ou ainda
muçulmanos, chegando a existir uma aliança entre Afonso Henriques e os reis de
Castela e de Leão.
Portugal cresceu para sul. E foi no sul que se instalou a capital, numa
cidade que dizem alguns foi tomada e baptizada por Ulisses, um grego da Ilha de
Ítaca, que Homero tão bem relata na sua Odisseia.
Seria mais lógico que tivesse sido a cidade do Porto a capital do reino,
mas devido à influência dos nobres de então, que tinham no porto de Lisboa a
sua grande fonte de receita.
Assim, a partir de então, as cortes transferiram-se para Lisboa que se
tornou definitivamente a capital do reino de Portugal.
Como é evidente, isso não foi do agrado de muitos, tal como não o é
hoje, que tudo seja resolvido em Lisboa e que o resto do país seja considerado
simples paisagem.
Durou muitos séculos a monarquia em Portugal, que só em 1910, com a
Revolução de 5 de Outubro foi abolida, vindo então a República que, afinal não
alterou muito a situação, já que se viveram anos de ditadura, para que pudessem
consolidar os ideais republicanos.
Ideais que, com o 28 de Maio de 1926 foram também abolidos, nascendo
mais uma ditadura e um novo líder nomeado por uma troika militar que durou 48
anos, sendo abolida com a revolução de 25 de Abril de 1974, através de um
glorioso golpe militar liderado pelos não menos gloriosos capitães.
Quando regressaram aos quartéis e entregaram o poder aos políticos, de
imediato começou a surgir a corrupção e muitas medidas de austeridade, dada a
herança do anterior regime, e também daquele período designado como PREC, em
que os portugueses beneficiaram de aumentos salariais e de outros benefícios
sociais.
Mas, e hoje? Hoje tudo mudou, e até parece que a velha ditadura está de
volta com todos esses tecnocratas que estão a levar o país para o mais profundo
abismo que se poderia imaginar.
Muitos foram e são os roubos descarados que, graças à impunidade conferida
aos políticos, impede que os portugueses possam viver condignamente, e se vejam
crivados de impostos e de direitos constitucionalmente reconhecidos, graças à
subserviência dos governos portugueses aos estrangeiros e também a um memorando
assinado com uma outra troika, esta económica e financeira, a uma União
Europeia que consegue apenas obedecer a uma alemã e a um francês, embora
exista, talvez por mal dos nossos pecados, um presidente da Comissão Europeia,
alguém que tem engordado demasiado à custa de todos nós.
Tal como antes, o Portugal de hoje deve e presta vassalagem aos
estrangeiros, pelo que seria bom que surgisse um novo Afonso Henriques.
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