Quero neste pequeno texto, agradecer ao Prof. José Hermano Saraiva (¹),
tudo o que fez ao longo da sua prestigiada carreira, em benefício do nosso
estimado País, que na maioria dos casos é esquecido.
O programa “O Tempo e a Alma”, exibido em 1972, foi o maior
responsável da minha paixão pela história de Portugal, aprendi a amá-la,
obrigou-me a consultar os compêndios e livros mal acabavam os programas, porque
queria saber mais, tornou-me curioso e também crítico, mas acima de tudo,
tornei-me mais português, tinha então nove anos e lembro-me como se fosse hoje.
O Prof. José Hermano Saraiva (¹), tem a capacidade de
explicar o difícil e o controverso, da nossa história, da forma mais simples
para que todos nós, portugueses a possam entender. Por este humilde facto, o
torna à vista dos mais intelectuais historiadores portugueses, uma figura à
parte. Erram! Porque não entendem que é assim que se pode contar as estórias da
nossa história, com paixão e sobretudo com grande capacidade de comunicação, e
não com cinzentismos e limbos carregados de dúvidas e pressupostos
intelectuais, que ninguém entende.
O Prof. José Hermano Saraiva (¹), aproximou a história de
Portugal do povo e, demonstrou que esta politica, é um dos caminhos possíveis
para Portugal reerguer-se.
Hoje, tem 92 anos de idade e, sabemos que a idade já não
perdoa, no entanto, continua a ter a lucidez e motivação para a realização do
seu programa televisivo “A Alma e a Gente”, que é transmitido aos sábados, na
RTP2.
E era sobre lucidez, que queria, deste modo transcrever
“ipsis verbis” parte da entrevista publicada na revista Notícias TV n.º 196
(parte integrante do Diário de Notícias e Jornal de Notícias), passo a citar:
…”
Pergunta: Portugal atravessa actualmente um
período conturbado e de fragilidade ao nível económico e social. A quem atribui
a responsabilidade desta crise?
Resposta: Tão simples! Portugal tinha como
principais rendimentos os produtos ultramarinos e as alfândegas e, de uma só
vez, acabaram com tudo. Nós não temos produção.
P.: Que medidas políticas devem, no seu
entender, ser tomadas para que o País se distancie desta ruptura
sócio-económica?
R.: Julgo que nenhumas. Portugal não
tem hipótese de sobrevivência. Portugal era o principal produtor de café,
urânio, de ferro e deixámos de ser tudo isso. Não temos nada. Somos um País
mendigo, vivemos de dinheiro emprestado.
P.: Defende, portanto, a tese de que
Portugal não irá reerguer-se?
R.: Não, não vai, Portugal não vai
reerguer-se, não vejo maneira nenhuma de isso acontecer.
…”
Na parte fina da entrevista, dirigindo-se ao jornalista,
disse:
…”
Tome aí nota:
O mais importante desta entrevista é reforçar a ideia de que
a história de Portugal foi uma constante luta entre pequenos e grandes.
…”
Perguntaram-lhe igualmente na entrevista:
…”
E qual o Rei que distingue?
R.: Escolho D. João I, foi um Rei
aclamado pelo povo.
…”
Perante o conteúdo da entrevista, deixo as conclusões para
um profunda introspecção de todos nós, concordemos ou não com o Prof. José
Hermano Saraiva (¹), mas queria realçar neste seguimento de raciocínio, as
declarações do Prof. José Adelino Maltez, na entrevista desenvolvida pelo
Correio Real, n.º 5: “…a revolução de 1385 foi um prenúncio da ideia de Nação.
E também a Dinastia de Bragança foi fundada em rebeldia, em nome da Nação.
“Para quem não sabe para que porto navega, nenhum vento é favorável”
(Séneca).
Queria acabar este texto, sem saber qual a dimensão do
agradecimento ao Prof. José Hermano Saraiva (¹), porque não sei onde ele acaba.
Muito obrigado.
(1) É membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia
Portuguesa de História e da Academia da Marinha, e Membro do Instituto
Histórico e Geográfico de São Paulo, no Brasil. Recebeu a grã-cruz da Ordem da
Instrução Pública, a grã-cruz da Ordem de Mérito do Trabalho e a Comenda da
Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em Portugal, e a grã-cruz
da Ordem de Rio Branco do Brasil.
Porto, 27 de Outubro de 2011
José António Peres da Silva Bastos.
o prof. José Hermano é um marco incontornável da nossa historia.. foi o " embaixador" da nossa historia, dando a conhecer a todos,o nosso passado glorioso.. hoje portugal perdeu um pedaço de si.. ficara sempre na nossa memoria..
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