O bispo de Coimbra presidiu hoje, pela primeira vez, à missa que evoca a
padroeira da cidade, a Rainha Santa Isabel de Portugal, de quem recordou a ação
em favor dos pobres.
A monarca (c. 1271-1336) “não fugiu a nada do que ocupa e
preocupa a sociedade: da economia à política, das relações familiares às
relações entre os povos, da guerra à paz”, declarou D. Virgílio Antunes na
celebração realizada no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, onde Santa Isabel está
sepultada.
No dia que a Igreja Católica dedica à memória litúrgica de
Santa Isabel e em que
Coimbra assinala o seu feriado municipal, o prelado afirmou
na homilia, enviada à Agência ECCLESIA, que a rainha foi exemplo da intervenção
dos cristãos “nas realidades seculares, onde se joga o desenvolvimento, o progresso
e a paz”.
“Há quem continue a pensar” que o cristianismo é uma
religião centrada “na salvação da alma depois da morte”, apontou, para a seguir
acentuar que “não há uma dicotomia perniciosa entre o amor a Deus e o amor ao
próximo, como se fossem concorrentes um do outro”.
Depois de sublinhar que Santa Isabel é “um grande emblema de
Coimbra e de Portugal”, o bispo frisou que a vida da rainha enquanto
"mulher, esposa e mãe de família” constitui “um acontecimento ímpar que
importa celebrar, porque é a consagração da pessoa humana repleta dos maiores e
mais belos sentimentos”.
“Faltam-nos ícones de amor e esta falta constitui o grande
problema da humanidade, do qual nascem todos os outros problemas que, com
razão, afligem o nosso mundo e o deixam sem alegria nem esperança”, salientou o
responsável da Igreja Católica em Portugal pelo setor das vocações.
D. Virgílio Antunes vincou que “é urgente contrariar um
espírito de egoísmo” instalado na família e na sociedade, onde “se foge dos
outros, em nome da preservação de uma privacidade, que se torna um doentio
individualismo”.
“Falta a fibra dos santos, cheios de humanidade e cheios de
Deus, mas bem imersos no mundo, porventura com as mãos sujas nas causas mais
prementes ou com o nome posto em causa nas colunas do politicamente
correto", disse.
A "Rainha Santa" era filha dos reis de Aragão,
atual Espanha, tendo casado com D. Dinis, rei de Portugal.
A sua fama de santidade, alicerçada na atenção aos pobres,
nasceu logo após a sua morte em Estremoz, no ano de 1336, quando mediava o
acordo de paz entre o filho e o genro.
A descrição do milagre mais conhecido de Santa Isabel começa
por referir que foi surpreendida pelo marido a levar alimento aos pobres,
costume que D. Dinis lhe tinha proibido.
De acordo com a narrativa inspirada em feitos atribuídos à
sua tia-avó, Santa Isabel da Hungria, o monarca obrigou a "Rainha
Santa" a destapar a cesta onde, em segredo, tinha guardado pães, mas ao
verificar o seu conteúdo apenas encontrou rosas.
Depois da beatificação, em 1516, o seu culto colheu a
devoção de reis e príncipes, e no ano de 1625 foi declarada santa (canonizada).
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