Há 100 anos, a população da Europa representava 15% da população
mundial. Em 2050, esta percentagem deverá estar reduzida a um terço. A idade
média da população na União Europeia, que em 2004 era de 39 anos, prevê-se que
seja, no ano de 2050, de 49 anos.
Estamos a assistir, pela primeira vez na história da humanidade, a uma
inflexão demográfica nos países desenvolvidos, devido ao aumento exponencial da
esperança média de vida. Em Portugal, por exemplo, em 70 anos aumentámos em
quase 30 anos a nossa esperança de vida, passando de 51,43 anos, em 1990, para aproximadamente
79,57 anos, em 2009. É também uma causa deste fenómeno a explosão da
natalidade, no período pós-II Guerra Mundial. Esta explosão foi, em parte, explicada
pelo termo da guerra e pela melhoria das condições de vida e do emprego. Só na
Europa, um terço da população nasceu no período compreendido entre 1946 e 1964.
Em Portugal, a explosão de natalidade foi ainda mais acentuada, uma vez
que 43% das pessoas nasceram entre 1946 e 1964. Entre outras situações,
aponta-se, ainda, a redução significativa da natalidade e o adiamento da
fecundidade, como mais um motivo da inflexão demográfica que vivemos.
Na União Europeia cada mulher tem, em média, 1,2 filhos, número inferior
aos 2,1 filhos necessários para manter a população no mesmo nível, o que tem
efeitos negativos no crescimento populacional, uma vez que há mais mortes do
que nascimentos (a partir de 2015 o número de óbitos na UE será superior ao de
nascimentos). Em Portugal mais de 30% das mulheres têm apenas um filho, média
que se aproxima muito dos restantes países europeus, 1,4 filhos por mulher.
Esta diminuição da natalidade altera o funcionamento do mercado de trabalho,
dos sistemas de saúde e dos regimes de reforma.
Nesta realidade, também, sabemos que o incentivo à fecundidade constitui
o principal mecanismo de inflexão do envelhecimento, apesar de os países
europeus mais generosos na atribuição de subsídios para a promoção da natalidade
não conseguirem atingir o limiar de renovação de gerações (2.1 filhos por
mulher); que cerca de 3,7% da população da União Europeia é composta por
cidadãos não europeus, sendo necessários cerca de 56 milhões de imigrantes até
2050; que o epicentro da economia europeia está na população idosa, que vê a
sua reforma retardada e redefinida, intentando-se após os 60 anos mudanças que
podem vir a assumir novas formas de produtividade.
Enfim, sabemos que estamos perante uma nova revolução demográfica que
será implacável para as economias, as instituições e as pessoas. Por isso, à
medida que o visual demográfico da sociedade europeia atual se vai alterando,
resta-nos apenas admitir que, quanto mais tardio for o reconhecimento desta
realidade, maiores serão as dificuldades de adaptação e maiores serão os
entraves aos novos modelos de vida e aos novos planos de produtividade e rentabilidade.
Sílvia Oliveira
Deputada pelo PPM
na Assembleia Municipal de Braga
Jornal "Diário do Minho" de 5 de Agosto, pág. 15
Um bom artigo e um minucioso estudo populacional. Tudo é real. Contudo e como não podemos alterar estes padrões, se entretanto nada for feito e que penso, pouco há a fazer pelas circunstâncias sociais e económicas que actualmente atravessamos.
ResponderEliminarEntendo ser o melhor caminho manter a população bem mais activa do que está, porque a partir de determinada idade, é a própria família que condiciona e decide pelos mais idosos, porque não têm condições de lhes dar uma assistência condigna, ou até situações de ignorância, que passam pelo desconhecimento das reais necessidades dos idosos, até à ignorância do modo como são tratados.
Embora esteja a fugir ao excelente assunto publicado pela autora, que deve ser muito bem equacionado e com propostas de métodos e incentivos para o aumento da natalidade e sem que o quizesse fazer, deparei-me a escrever sobre um tema também preocupante, que daria um livro e aborda o idoso. Eu já faço parte da geração que nasceu durante a II Guerra Mundial, pois já entrei na casa dos 70 anos, mas considero-me excepção, uma vez que sinto que a minha idade cronológica não corresponde à idade mental, bem como a minha actividade está muito aquém dos anos que tenho. Tenho os meus problemas, como toda a gente tem, com as maselas de que sofro, mas são controladas ciclicamente, para eu continuar a ter uma qualidade de vida que considero boa e excelente se olhar bem para o que me rodeia nos demais como eu.
Em primeiro lugar devo dizer que embora tenha só um filho, porque infelizmente não pude ter mais, para além de ter ficado viúva com 36 anos, vivo completamente só, tendo como minha maior inimiga a noite que me mostra o que é a solidão e me aterroriza.
Tenho o meu filho que me acompanha, mas tem a sua vida independente na sua casa com a sua família e como ele diz e bem, para viver a minha autonomia, sair quando quero e ir para onde quizer, que o faça enquanto puder. Viajo sempre que me é permitido e conduzo o meu carro sem problemas, considerando estas coisas a minha liberdade com qualidade. Não viajo mais, porque os tempos estão difíceis e também há necessidade de preparar o futuro.
Com toda esta conversa e fujindo ao excelente tema da Drª Sílvia, eu só quiz dizer, que a ocupação depois da idade da reforma, é altamente benéfica. Já fiz voluntariado, mas agora não o faço, porque tenho familiares que necessitam, passando para eles as minhas acções de ajuda e só pedindo a Deus que me dê saúde para ajudar quem de mim necessitar.
Mais uma vez peço as minhas desculpas por este comentário ter fugido ao contexto do artigo da autora, mas senti a necessidade de expôr o que diz o velho ditado "QUERER É PODER E QUEM PORFIA MATA CAÇA".