A aquisição
de submarinos por parte do Estado português aos alemães não é só um caso de
corrupção. Representa a podridão na política e simboliza o estertor do sistema
de justiça. O processo de compra inicia-se no governo de António Guterres, cujo
ministro da Defesa era o advogado Rui Pena.
Conclui-se
já no consulado de Durão Barroso, sendo então Paulo Portas o ministro com a
tutela das Forças Armadas. Os processos de concurso e de aquisição foram opacos,
as contrapartidas que os alemães deveriam dar ao Estado português não se
concretizaram. Os portugueses foram lesados em muitos milhões. Neste crime,
terão sido beneficiados particulares, advogados e os partidos políticos do arco
do poder. A corrupção foi provada de forma inquestionável. Na Alemanha, há já
condenados a cumprir penas de prisão por terem corrompido portugueses. Por um
processo análogo, foi condenado e preso um ex--ministro grego. Mas em Portugal
não há acusados, os processos adiam-se e prescrevem, documentos desaparecem
misteriosamente. Os principais protagonistas parecem não querer que a Justiça
actue. Barroso e Guterres, detentores de proeminentes cargos internacionais,
não se incomodam por estarem ligados a tão obscuro processo. Paulo Portas,
apesar de ferido na sua honorabilidade, é o representante máximo da diplomacia
portuguesa, afectando a credibilidade do país no concerto internacional. Os
secretário-geral do PSD de então, José Luís Arnaut, é hoje sócio do ministro
que iniciou o processo e ambos se associaram ao actual presidente da Comissão
Parlamentar de Defesa, Matos Correia. Convenientemente, garante-se a inação do
Parlamento.
Entretanto,
a Justiça revela-se incompetente. Oscila entre arquivamentos incompreensíveis,
a incapacidade de reunir documentos e a apatia total. Não poderia ser mais
colaborante com os criminosos. Os procuradores deveriam, no mínimo, acompanhar
a justiça alemã, mas nem isso conseguem. Do alemão para o português há
problemas de tradução. E de tradição.
Este caso
dos submarinos, sendo uma gravíssima questão de justiça, mais do que isso é um
assunto de regime. Se deixar intocáveis os corruptos, se permitir este nível de
impunidade na política, o regime afundar-se-á com os submarinos. A pique.
Este caso é delicado e o desgoverno deste país passa-lhe ao lado igorando os corruptos,até por que não convém de todo e refuta-se na posição do "não sei, não vi, não estava lá".
ResponderEliminarNo entanto a continuar assim, porque não creio que se redimam dos constantes e sucessivos erros que cada vez mais arrastam o país e o povo para a miséria, a má justiça que se faz sem fim à vista, conduz ao descalabro total
Portanto, como muito bem diz Paulo Morais, neste caso dos submarinos, o regime vai-se afundar, mas quando der conta, já não têm boias nem salvadores, levando o povo a rasto.
Edite Cecília