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Manuel Beninger

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Igreja Portuguesa de Olivença eleita “melhor recanto de Espanha"


A Igreja de Santa Maria Madalena, na Olivença de administração espanhola, venceu a competição que elege os melhores e mais pitorescos recantos espanhóis e reacendeu uma guerra antiga.
O passatempo “O Melhor Recanto de Espanha 2012”, elegeu na noite de quarta-feira este monumento do século XVI de estilo manuelino para o top de sítios a visitar. A igreja portuguesa que fica na Extremadura espanhola conseguiu, assim, destronar a Lagoa da Cigana (em Castela-La Mancha), que ficou em segundo lugar, e o Forau de Aiguallut (Aragão), o terceiro mais votado.
Mas a votação reacendeu, sobretudo, uma guerra antiga, com a comunidade portuguesa a mobilizar-se para eleger a igreja portuguesa. Tudo isto porque Olivença é palco de uma disputa, velha de mais de dois séculos, sobre ser portuguesa ou espanhola. Espanha anexou o território em 1801 mas ainda hoje Portugal não reconhece tal anexação desta cidade fronteiriça localizada na Extremadura espanhola, repleta de história e traços da cultura lusa, incluindo monumentos como a Igreja de Santa Maria Madalena (conhecida como Igreja da Madalena).
Já nesta quinta-feira, num comunicado de reacção à eleição, o Grupo dos Amigos de Olivença alerta que “esta escolha, das quais se desconhecem os critérios, não será certamente inocente e deverá levar todos os portugueses a questionar quais os reais motivos dos organizadores do evento colocando um monumento tipicamente português como representativo de Espanha”. Para este grupo, a escolha representa mesmo uma “indecorosa tentativa de legitimação da ocupação do território de Olivença junto da opinião pública portuguesa”.
“Nem mesmo escamoteando a verdade se pode entender como pode uma catedral portuguesa, na nossa Olivença, ser representativa da Espanha. A igreja da Madalena nada tem de espanhol e ali nada há de estremenho”, lê-se na mesma nota, onde o grupo insiste que “Olivença é um território juridicamente português ocupado ilegalmente por Espanha”.
“A escolha da igreja da Madalena é certamente vista por muitos portugueses, no mínimo como muito infeliz, no máximo como uma provocação a Portugal patrocinada pela Repsol”, conclui o comunicado.
Uma "jóia" do património
Segundo o resumo patrimonial do Turismo de Olivença, a Igreja de Santa Maria Madalena é considerada uma "jóia" oliventina e do património manuelino português. Data da primeira metade do séc. XVI e foi mandada construir para servir como templo do local de residência dos bispos de Ceuta. O bispado de Ceuta iniciou aqui residência em 1512, tendo sido estreada por Frei Henrique de Coimbra, confessor do rei D. Manuel e o primeiro a celebrar uma missa no Brasil. Falecido em 1532 e foi sepultado no templo (existe um túmulo de mármore no local).

No exterior, destacam-se falsas ameias, pináculos, gárgulas e a porta principal, com uma portada atribuída a Nicolau de Chanterene, artista que em Portugal, além de outras obras, criou a porta do Mosteiro dos Jerónimos ou um retábulo de mármore do Palácio da Pena. O interior divide-se por três naves com oito colunas que parecem evocar as amarras de um navio. Em grande destaque, os trabalhos em talha dourada do séc. XVIII, retábulos neoclássicos em mármore colorido e azulejaria.

Olivença
Igreja de Santa Maria Madalena é um templo situado em Olivença. Foi mandada construir por D. Manuel I no século XVI, tendo dado o nome à paróquia e à freguesia. A sua construção foi impulsionada por Frei Henrique de Coimbra, Bispo de Ceuta, celebrante da primeira missa no Brasil, que se encontra sepultado no seu interior. Foi em parte inspirada no Convento de Jesus e na Sé de Elvas.
Tornou-se sede do bispado de Ceuta, após a inclusão de Olivença no território deste bispado.
É um exemplo da beleza e esplendor do estilo Manuelino. A porta principal foi acrescentada posteriormente, durante o período do renascimento. O interior apresenta umas surpreendentes colunas retorcidas, como cordame de um barco, bem como seis retábulos barrocos com azulejos. Na parte exterior, é também possível observar as chamadas falsas ameias, gárgulas e pináculos, entre outros elementos arquitectónicos.
No início do século XVIII, possuía um hospital e um convento franciscano, albergando 25 religiosos.[3] A qualidade das suas águas, captadas no chamado poço de São Francisco, era na altura elogiada, chegando os peregrinos a afirmar que era a melhor do Reino de Portugal.

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