A Igreja de Santa Maria Madalena, na
Olivença de administração espanhola, venceu a competição que elege os melhores
e mais pitorescos recantos espanhóis e reacendeu uma guerra antiga.
O passatempo “O Melhor Recanto de Espanha 2012” , elegeu na noite de
quarta-feira este monumento do século XVI de estilo manuelino para o top de sítios a
visitar. A igreja portuguesa que fica na Extremadura espanhola conseguiu,
assim, destronar a Lagoa da Cigana (em Castela-La Mancha ),
que ficou em segundo lugar, e o Forau de Aiguallut (Aragão), o terceiro mais
votado.
Mas a votação reacendeu, sobretudo, uma guerra antiga, com a comunidade
portuguesa a mobilizar-se para eleger a igreja portuguesa. Tudo isto porque
Olivença é palco de uma disputa, velha de mais de dois séculos, sobre ser
portuguesa ou espanhola. Espanha anexou o território em 1801 mas ainda hoje
Portugal não reconhece tal anexação desta cidade fronteiriça localizada na
Extremadura espanhola, repleta de história e traços da cultura lusa, incluindo
monumentos como a Igreja de Santa Maria Madalena (conhecida como Igreja da
Madalena).
Já nesta quinta-feira, num comunicado de reacção à eleição, o Grupo dos
Amigos de Olivença alerta que “esta escolha, das quais se desconhecem os
critérios, não será certamente inocente e deverá levar todos os portugueses a
questionar quais os reais motivos dos organizadores do evento colocando um
monumento tipicamente português como representativo de Espanha”. Para este
grupo, a escolha representa mesmo uma “indecorosa
tentativa de legitimação da ocupação do território de Olivença junto da opinião
pública portuguesa”.
“Nem mesmo escamoteando a verdade se pode entender como pode uma
catedral portuguesa, na nossa Olivença, ser representativa da Espanha. A igreja
da Madalena nada tem de espanhol e ali nada há de estremenho”, lê-se na mesma
nota, onde o grupo insiste que “Olivença é um território juridicamente
português ocupado ilegalmente por Espanha”.
“A escolha da igreja da Madalena é certamente vista por muitos
portugueses, no mínimo como muito infeliz, no máximo como uma provocação a
Portugal patrocinada pela Repsol”, conclui o comunicado.
Uma "jóia" do património
Segundo o resumo patrimonial do Turismo de Olivença, a Igreja de Santa
Maria Madalena é considerada uma "jóia" oliventina e do património
manuelino português. Data da primeira metade do séc. XVI e foi mandada
construir para servir como templo do local de residência dos bispos de Ceuta. O
bispado de Ceuta iniciou aqui residência em 1512, tendo sido estreada por Frei
Henrique de Coimbra, confessor do rei D. Manuel e o primeiro a celebrar uma
missa no Brasil. Falecido em 1532 e foi sepultado no templo (existe um túmulo
de mármore no local).
No exterior,
destacam-se falsas ameias, pináculos, gárgulas e a porta principal, com uma
portada atribuída a Nicolau de Chanterene, artista que em Portugal, além de
outras obras, criou a porta do Mosteiro dos Jerónimos ou um retábulo de mármore
do Palácio da Pena. O interior divide-se por três naves com oito colunas que
parecem evocar as amarras de um navio. Em grande destaque, os trabalhos em
talha dourada do séc. XVIII, retábulos neoclássicos em mármore colorido e
azulejaria.
Olivença
Igreja de Santa Maria Madalena é um templo situado em Olivença. Foi
mandada construir por D. Manuel I no século XVI, tendo dado o nome à paróquia e
à freguesia. A sua construção foi impulsionada por Frei Henrique de Coimbra,
Bispo de Ceuta, celebrante da primeira missa no Brasil, que se encontra
sepultado no seu interior. Foi em parte inspirada no Convento de Jesus e na Sé
de Elvas.
Tornou-se sede do bispado de Ceuta, após a inclusão de Olivença no
território deste bispado.
É um exemplo da beleza e esplendor do estilo Manuelino. A porta principal foi acrescentada posteriormente, durante o período do renascimento. O interior apresenta umas surpreendentes colunas retorcidas, como cordame de um barco, bem como seis retábulos barrocos com azulejos. Na parte exterior, é também possível observar as chamadas falsas ameias, gárgulas e pináculos, entre outros elementos arquitectónicos.
É um exemplo da beleza e esplendor do estilo Manuelino. A porta principal foi acrescentada posteriormente, durante o período do renascimento. O interior apresenta umas surpreendentes colunas retorcidas, como cordame de um barco, bem como seis retábulos barrocos com azulejos. Na parte exterior, é também possível observar as chamadas falsas ameias, gárgulas e pináculos, entre outros elementos arquitectónicos.
No início do século XVIII, possuía um hospital e um convento
franciscano, albergando 25 religiosos.[3] A qualidade das suas águas, captadas
no chamado poço de São Francisco, era na altura elogiada, chegando os
peregrinos a afirmar que era a melhor do Reino de Portugal.
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