Irritados uns, incomodados outros,
mas certamente surpreendido muitos dos manifestantes do passado sábado ao
depararem com as bandeiras azuis e brancas da monarquia constitucional
portuguesa um pouco por todo o país.
Que querem os monárquicos portugueses, tanto os que se
manifestaram como os que optaram por não o fazer? Querem, acima de tudo e para
além da conjuntura política estrita destes dias, manifestar o seu desagrado
pelo estado a que chegou esta milenar nação que é a nossa.
A III República está caduca, exaurida, desprestigiada
interna e externamente, não sendo mais possível tapar o sol com a peneira
culpando o partido A ou o partido B ou todos eles, por acção ou omissão. É o
próprio regime, implantado violentamente em 1910 e regenerado em 1974, que carece
de alteração no sentido de uma chefia de estado Real, efectivamente
desvinculada de interesses particulares e transitórios, e verdadeiramente livre
do jugo político-partidário.
Só a Instituição Real, pela sua própria natureza, pode neste
momento histórico delicado ser uma alternativa credível à serôdia república em
que vivemos, obrigatoriamente vivemos até pela proibição constitucional de
referendos sobre o regime político.
Os monárquicos portugueses não querem pompa nem
circunstância, nem corte nem cortesãos. Querem uma monarquia do século XXI e
para o século XXI, moderna, descomplexada com a história pátria mas não alheada
de uma particular continuidade multissecular que faz de nós uma das mais
antigas nações europeias. Uma monarquia que, sem virar às costas aos vizinhos
europeus, promova a lusofonia em todas as suas vertentes, aprendendo e
ensinando simultaneamente com os nossos povos irmãos de Angola a Timor. Uma
monarquia que acarinhe efectivamente a notável diáspora portuguesa, apenas
lembrada quando convém ou ritualmente no dia 10 de Junho.
Está quebrada sem apelo nem agravo a legitimidade da III
República, sendo pois a hora de passar adiante, a hora de interpelar os nossos
concidadãos sobre se querem mais do mesmo ou se pretendem uma refundação do regime
no único sentido possível: o Rei como garante das liberdades e do
desenvolvimento sustentável do país, um Chefe do Estado que não é refém da
classe política nem do seu passado político-partidário como vem sucedendo com
os sucessivos inquilinos do Palácio de Belém.
Por Luís Barata
Tambem quero uma bandeira monarquica :c
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