O Arcebispo Primaz afirmou ontem, em Barcelos, que os portugueses devem assumir
o estatuto de intervenientes nos problemas do país, dando o exemplo de S. Nuno
de Santa Maria cuja santidade e heroicidade o ajudaram a «colocar-se à frente,
pensar estratégias e prosseguir até à vitória».
Na missa celebrada em honra de S. Nuno de Santa Maria e que incluiu a inauguração
de uma estátua (ver página 8), D. Jorge Ortiga lembrou que as motivações do
Santo Condestável continuam a questionar o país».
Na presença do Núncio Apostólico do Vaticano, dos Duques de Bragança e
outras entidades civis e religiosas locais e nacionais, o Arcebispo Primaz
realçou que «a espada a usar agora não é a de ferro como a de S. Nuno, mas a do
testemunho». Para D. Jorge não são precisas «guerras verbais», mas homens e mulheres
que, inspirados na energia de S. Nuno, «ousem chefiar correntes de pensamento e
decisão nos setores constitutivos da vida portuguesa».
O prelado desejou que S. Nuno de Santa Maria não se torne apenas o santo
dos altares, «mas o português que lutou, arriscou a vida para salvar uma
identidade nacional».
«Nós, crentes, ao redescobrirmos a nossa identidade teremos de
trabalhar, com heroicidade, pelos valores que se identificam com a nossa história»,
referiu. É preciso, acrescentou D. Jorge ortiga, construir uma sociedade «clara
e transparente, aberta à solidariedade e fraternidade, motivada permanentemente
pelos interesses do bem comum e com o interesse por todos e não só por
vantagens pessoais».
O Arcebispo Primaz questionou se, à semelhança do que aconteceu nas guerras
entre portugueses e espanhóis, «não continuarão hoje a morrer muitos cidadãos,
quando se permite que a sociedade vá envelhecendo e se torne incapaz de dar
garantias de vida digna aos portugueses dentro de pouco tempo». «Não estaremos
a dormir, afastando nos da heroicidade necessária nas arenas da discussão e
participação? Serão realmente muitos, aqueles que se preocupam verdadeiramente
com o bem comum e a comunidade social? Como herdeiros de uma história heróica e
santa, estaremos a ser dignos defensores duma causa nacional», questionou.
Referindo que «a vida vale muito mais do que aquilo que lhe estamos a dar»,
o Arcebispo Primaz lembrou a realização do “Átrio dos Gentios”, que se realiza
em Guimarães e Braga nos próximos dias 16 e 17 de novembro. “O Valor da Vida” é
o tema central do encontro que se realiza pela primeira vez em Portugal por
iniciativa da Arquidiocese de Braga, através do Instituto de História e Arte
Cristãs e do Conselho Pontifício da Cultura. O evento reúne personalidades, crentes
e não crentes, de vários quadrantes da sociedade portuguesa.
Jornal "Diário do Minho" de 4 de Outubro, pág. 9
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