A morte do Rei
A 1 de Julho, de 1932 D. Manuel II foi a Wimbledon assistir a um jogo de ténis, à saída sente-se mal da garganta; de regresso a Fulwell Park sente-se pior, manda chamar o seu médico. Lord Dawson proíbe-o de sair de casa no dia seguinte. Não sai mas sente-se cada fez pior. Vai a Londres consultar um especialista que, depois de o observar, o mandou recolher à cama.
D. Manuel voltou a casa, a situação é cada vez mais aflitiva, sufoca. Foi chamado um médico local que foi incapaz de fazer uma operação muito simples - abrir exteriormente a garganta, que teria salvado o rei. D. Manuel II pede um tubo de borracha e por gestos indica que lhe abram as janelas. Um edema da glote estrangulava-o. Morre a 2 de Julho de 1932.
No dia seguinte os jornais portugueses anunciavam a morte de «D. Manuel de Bragança, ex-rei de Portugal» e referiam-se a ele em termos elogiosos.
As exéquias religiosas do rei têm lugar na Catedral de Westminster com a presença dos inúmeros amigos portugueses, Reis e representantes das casas reais europeias, membros do governo britânico, embaixadores de Portugal, Brasil e França, Afonso XIII, ex-rei de Espanha, também no exílio e o Duque de Gloucester, também em representação do pai, Jorge V.
Chegam a Lisboa os restos mortais do nosso último monarca, transportados pelo cruzador britânicoConcord (2 de Agosto). A morte do rei, no exílio inglês, coincide com a ascensão de Salazar à chefia do governo, e no primeiro conselho de ministros do mais longo gabinete da história portuguesa, o novo chefe decide promover funerais nacionais ao falecido.
Lisboa, 2 de Agosto de 1932
«Lisboa assistiu ao funeral do último monarca português. Vai longe o tempo dos grandes enterros reais com coches doirados, com militares de grande gala, com ministros e embaixadores das nações estrangeiras e com criados de vistosas libres.
Toda a grandeza e imponência dessas cerimónias acabaram quando morreu a monarquia. O enterro do Sr. D. Manuel de Bragança teve solenidade, teve tristeza, mas também teve também um rígido protocolo que talvez lhe diminuísse a imponência»
Esta foi a parte pro-republica e que provavelmente o jornalista teve de pôr, a seguir vem a descrição, mais real.
A 10 de Julho, o governo português, numa nota, anuncia a iniciativa de transladar o corpo do «último rei de Portugal» para Portugal.
Os restos mortais de D. Manuel chegam a Lisboa a 2 de Agosto de 1932. Nas cerimónias oficiais estiveram presentes o presidente da República, general Óscar Carmona, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, o presidente do Conselho Oliveira Salazar e inúmeras personalidades.
«Pelas ruas de Lisboa, por onde passou o fúnebre cortejo a multidão apinhava-se contra os muros das casas e nos telhados das mesmas, comprimida sobre os passeios e contida pela tropa que se fazia notar em grande número.
Veio gente dos quatro cantos do País para assistir à derradeira cerimónia. Durante a manhã, a população encaminhou-se para as ruas do trajecto, os homens de gravata preta, as mulheres de vestidos negros.
O ambiente nesta manhã de Agosto não era de curiosidade. Pairava um ar de profunda tristeza colectiva em Lisboa, e em certas caras adivinhava-se um não sei quê de saudade acabrunhante.
Afinal os que tinham enxovalhado, esquecido e traído o seu último rei, sentiam agora o profundo pesar da sua morte. Ouvia-se um murmurar pelas ruas da capital, as lavadeiras com a fotografia da sua Rainha (D. Amélia) ao peito, diziam entre si a medo e envergonhadamente…”morrera tão novo e tão longe de sua amada pátria…”
Nos olhos dos velhos brilharam lágrimas que não havia pressa de enxugar nem vergonha de deixar correr, seria isto Nostalgia!
No final da cerimónia o povo foi prestar a derradeira homenagem ao seu último Rei.
Durante horas sucessivas milhares e milhares de pessoas entraram no templo de São Vicente de Fora, contornaram a Eça e saíram, com a mesma atitude com que entraram: tristes e profundamente silenciosos.
Houve que alargar o tempo prescrito para a saudação popular (…)»
País republicano?
«Agora resta a saudade, recordação próxima. Amanhã será o esquecimento que é afinal no que acaba sempre tudo»
Critica à atitude ausente do povo perante a queda da monarquia? Sentimento estranho numa nova república!
"Recordar?! Recordar é ter esquecido uma vez! Eu nunca me esqueci!" - Rainha Dona Amélia
Miguel Duarte Guedes
09-11-2011
Quero desde já dar os meus parabéns ao autor do artigo.
ResponderEliminarQuanto á questão da ausência de participantes em eventos, eu acho que os monárquicos têm de acordar, esta é a hora, pois o nosso país precisa de nós. Não basta só dizer se monárquico e quando é preciso aparecer, não aparecem, talvez por medo ou por outros motivos. Um monárquico nunca tem medo de defender os seus ideais, e está sempre pronto para ajudar, seja em eventos, divulgando a causa, etc.
Espero que o povo começe a perceber que uma monarquia não é assim tão má como querem fazer passar.. Olhem o exemplo da Espanha, Luxemburgo, Inglaterra, entre outroas.. por mais que as TV, jornais, etc, tentem abafar tudo o que é eventos, manifestações, nunca nos irão calar!! Temos de deixar de lado as divisões entre sectores monárquicos, e unirmo nos todos e trabalhar em conjunto para conseguir um país melhor numa monarquia..