O Duque de Bragança, Dom Duarte Pio,
considerou que a III República em Portugal está quase a entrar em falência
fraudulenta
O Duque de Bragança, Dom Duarte Pio, considerou hoje que a III República em
Portugal está “quase a entrar em falência fraudulenta” por “actos de grande
incoerência e irresponsabilidade” de vários governos.
Falando aos jornalistas na Cidade da Praia, após ter sido recebido em
audiência pelo chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, o também
presidente da Fundação D. Manuel II culminava a síntese do percurso económico
de Portugal desde a instauração da República, em 1910.
“A I República começou em 1910 e terminou em 1926 com uma falência muito
grave, a II República teve uma economia boa, mas viveu em ditadura e a III
República está quase a entrar em falência fraudulenta, com actos de grande
incoerência e irresponsabilidade de vários governos”, afirmou.
“Agora temos de pagar. O problema é saber como pagar, como evitar
sacrifícios, embora todos tenhamos de os fazer. Eu próprio tenho situações em
que tenho de rever os planos de acção da Fundação D. Manuel II”, afirmou.
Dom Duarte Pio defendeu, porém, que a crise que está a afectar Portugal
“pode também ser criativa”, exemplificando com o desenvolvimento da
solidariedade.
“Esta crise pode ser também criativa. Está a desenvolver-se muito a
solidariedade, novas ideias e novas iniciativas, e também se corta uma
quantidade de despesas inúteis que estavam a ser feitas tanto pelo Governo como
pelas empresas. Dentro do drama que vivemos, há algumas coisas positivas
aproveitáveis”, defendeu.
Questionado sobre um eventual alargamento do prazo da ‘troika’, o Duque de
Bragança considerou que tal seria “pior”, defendendo que o ideal era o Banco
Central Europeu (BCE) avançar com dinheiro a taxas de juros inferiores.
“Tanto quanto sei, pelo que me dizem os economistas, a medida mais positiva
e mais eficiente era conseguir pagar juros mais baixos pelos empréstimos que
recebemos, como o Banco Central Europeu (BCE), que empresta dinheiro a 1 por
cento. Se o BCE empresta dinheiro com essa taxa de juro, porque temos de pagar
os juros que temos a pagar?”, questionou.
“Essa seria a maior ajuda para diminuir a dificuldade que estamos a passar
em Portugal. Em relação à dilatação do prazo, dizem-me os economistas que não
vai ajudar muito, porque vai sair mais caro. Além disso, mostrar que não somos
capazes de pagar vai criar ainda maior dificuldade nos mercados
internacionais”, justificou.
Dom Duarte Pio lembrou que Portugal está a pedir empréstimos para “pagar as
despesas correntes do Estado”, que ainda hoje não consegue cobrir os custos com
os seus próprios rendimentos.
“Não é preciso ser um economista genial para perceber que isso não pode
funcionar e qualquer dona de casa percebe que não se pode gastar mais do que se
ganha”, sublinhou o Duque de Bragança, lembrando que mais de 80 por cento dos
custos destina-se ao pagamento de salários na Função Pública.
“(Os funcionários públicos) Passaram de 200 mil, em 1974/75, para 700 mil e
50 por cento do rendimento nacional é para pagar o funcionamento do Estado.
Isso não é sustentável”, concluiu.
Fonte: Maior tv
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