A luta pela Câmara de Braga adivinha-se dura:
Ricardo Rio, da Direita, está perto de lá chegar à terceira tentativa; Vítor
Sousa (PS), após ganhar o partido, arrisca perder o povo; e a CDU volta a ser
decisiva.
O economista Ricardo Rio, líder da coligação
"Juntos por Braga" (PSD/ CDS/PPM), é o preferido dos eleitores
bracarenses inquiridos pelo JN para presidir à Câmara Municipal (CMB) a partir
de outubro, com 43,3% dos votos. Atrás fica Vitor Sousa, do PS, com 41,1%,
seguido do jovem candidato da CDU, Carlos Almeida, que logra 8% e, por fim, a
novel congregação de independentes, liderada pela investigadora Inês Barbosa,
com quase 5%.
Caso as urnas confirmem a sondagem JN, a vitória
de Ricardo Rio constitui mudança radical no município, ao desalojar do poder o
PS que, com Mesquita Machado, ocupa a Presidência há 36 anos. E premiará a
persistência de Rio, que lidera a Direita pela terceira vez consecutiva.
Aparentemente, a sobriedade e honestidade que lhe são reputadas, a par de um
trabalho longo e sólido na Oposição, são argumentos suscetíveis de contornar um
voto de protesto contra a coligação governamental que "Juntos por
Braga" emula.
Rio beneficia ainda das fragilidades do próprio
PS, enfraquecido por clivagens resultantes do processo interno de seleção do
candidato autárquico, e desgastado por mais de três décadas de gestão. Nesse
tempo, o PS colonizou o Poder Local, urdindo redes de dependências de que
resultaram suspeitas de conluios e conúbios, as quais, embora jamais provadas,
são património do imaginário coletivo bracarense.
Polémicas urbanísticas
Ónus que também recai sobre Vítor Sousa,
obnubilando a sua simpatia, a enorme capacidade de trabalho e o profissionalismo
da sua campanha. Por um lado, pela investigação judicial, ainda em curso, à
eventual autoria de negócios ilícitos nos Transportes Urbanos de Braga (TUB);
por outro lado, ao deixar-se vincular, enquanto vice-presidente da CMB, à
expropriação urgente de imóveis sobre os quais recai uma hipoteca da filha e
genro de Mesquita Machado.
E, neste contexto, o ensejo de capitalizar o
carisma do velho edil - cuja obra, principalmente nas freguesias, poucos
contestam -, sugerindo continuidade na administração da coisa pública local,
poderá comportar mais danos do que virtudes. Danoso para as ambições de Sousa
foi, ainda, o aumento recente e brutal da área sujeita a estacionamento pago,
com quase metade dos eleitores (45,7%) a manifestarem desagrado.
A CDU também poderá reclamar vitória, ao
inflacionar em dois pontos a votação de 2009 e recuperar um vereador, tal como
ocorreu em 2001, com Jorge de Matos (no pelouro da Ação Social), e Casais
Baptista, em 1993.
Por fim, o "Cidadania em Movimento" -
ainda em fase de recolha de assinaturas -, será o repositório do voto, não só
do Bloco de Esquerda, mas também dos descontentes com a gestão do PS local e do
PSD-PP no âmbito governamental. Isto, se chegar a ir às urnas...
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