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Manuel Beninger

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Meditação de um monárquico assumido - Fernando de Sá Monteiro


Dr. Fernando de Sá Monteiro, antigo presidente do PPM

Estimadas Amigas e Amigos:
Eu sou esse sujeito repleto de contradições e certamente defeitos.
Para uns uma pessoa acima da média, para outras apenas mais um ser que pretende afirmar-se mais do que aquilo que é.
Não me compete a mim, nem isso seria justo e imparcial, tecer comentários ao que penso de mim mesmo. Somente me resta diariamente auto-censurar a minha conduta, quer com os outros, quer com a minha própria consciência.
Sei, sem embargo, que há em mim “essa força das marés acordadas”, repleto de “poemas de espadas e penas fabricados em sonhos pueris e constantes”.
Sou isso e quiçá o contrário. Serei tudo e nada, somente um homem.
Perdoem-me a sinceridade. Perdoem-me o desabafo. Perdoem-me até talvez a incoerência.
Ser isto ou aquilo, é provavelmente uma parte de todo o ser humano, repleto de contradições e sonhos que muitas vezes não permitem que se transformem em nada mais do que isso.
Há momentos em que precisamos de afirmar que somos assim e que os nossos amigos nos perdoarão as nossas falhas, do mesmo modo que teremos a consciência de que precisamos estar diariamente disponíveis para quem precisa da nossa palavra amiga, do nosso ombro, do nosso singelo beijo de carinho, de ternura, nos momentos mais amargos da vida.
Todos nós erramos, mais ou menos vezes, umas vezes por palavras ditas, outras por atitudes menos solidárias e, por isso, mais censuráveis.
Termos a consciência dessas limitações humanas, porém, não nos deve abster de evitar provocar o escândalo, em especial quando tratamos de pessoas por quem dizemos nutrir amizade e respeito.
Criticar alguém, ou uma atitude, é direito de todo o ser humano. E fazê-lo com os amigos não é menos aceitável, pelo contrário pode mesmo transformar-se no mais coerente e veemente testemunho de fidelidade do Homem ao Homem.
Tenho esta necessidade de o afirmar porque tenho sentido algum incómodo e, confesso, mesmo alguma dose de desprezo, ao verificar que certas matérias e atitudes quiçá dignas de censura têm sido aqui transportadas para a praça pública, expondo pessoas que fazem parte das nossas amizades (no Facebook e mesmo na nossa vida social, política e familiar) a uma degradante e humilhante imagem.
Não sei estar assim na vida. Afinal, também eu erro, também eu sou imperfeito, também eu posso ser fonte de censura constante.
Mas quero manter a reserva das pessoas que me acompanham na vida, mais de perto ou mais à distância, de forma a evitar que a sua vida pessoal e mesmo os seus erros possam transformar-se num qualquer escândalo público e revistam a forma de uma manchete de qualquer pasquim dito jornalístico.
Bem sei que uma rede social tem essa dose de perigo e de exposição pública. Mas tento que as minhas críticas sejam o mais reservadas quando esteja em causa matéria sensível e que atinja a honorabilidade da pessoa visada.
Sei que me responderão que diariamente criticamos pessoas expostas publicamente pela sua posição social, económica e política. É verdade. Mas esses estão necessariamente mais sujeitos ao escrutínio de todos nós, e as suas atitudes e práticas podem colocar em causa o bem comum dos cidadãos, e muitas vezes são fonte de opróbrio e injustiça.
Não gosto de ver as minhas amizades serem jocosa ou violentamente expostas na praça pública da censura. E creio que não será dessa forma que melhor construiremos esse Mundo Novo pelo qual aspiramos e para o qual todos somos chamados a construir diariamente.
Uma palavra amiga, mesmo que de censura, pode e deve revestir-se da privacidade a que todo o ser humano tem direito na sua vida particular. E se uma atitude menos correcta ou injusta é cometida, quem nos priva do direito de a castigar privadamente de forma a evitar a exposição pública humilhante?
Quando se trata de matéria criminal que sejam as autoridades a agir. Se entendemos que deveremos seguir o caminho judicial que o façamos. Mas não transformemos qualquer ser humano – pelo simples facto de errar - num mero exemplar indigno de justiça e bom nome, nem o escravizemos a ponto de o transformar num dejecto ou objecto de repugnância e desprezo.
Serei ingénuo, incoerente, contraditório e errante. Mas penso assim e tento agir do modo que se me afigura ser mais recto e humanista.
Que me perdoem os que discordam!
Afinal, como afirmou Thomas Jefferson, “uma opinião equivocada pode ser tolerada onde a razão é livre de combatê-la”!

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