quinta-feira, 31 de outubro de 2013

ENTREVISTA DE S.A.R., D. DUARTE AO "MENSAGEIRO BRAGANÇA"

D. Duarte de Bragança, que seria o rei de Portugal caso não tivesse havido a revolução do 5 de Outubro de 1910, esteve em Bragança para participar na inauguração da nova sede da autarquia. E esteve à conversa com o Mensageiro, onde deu algumas receitas para o momento de crise que o pais atravessa.
 
Mensageiro de Bragança: Esteve presente na inauguração do novo edifício da Câmara de Bragança. O que lhe pareceu?
D. Duarte de Bragança: Achei, de facto, uma homenagem muito merecida ao Sr. Presidente [Jorge Nunes]. É uma pessoa esforçada, que conseguiu governar bem o concelho.
MB.: O que lhe parecem as últimas propostas do Governo?
DDB.: O Estado gasta 80 por cento do seu orçamento com os funcionários públicos. Certamente não serão necessários tantos. Não faz sentido andarmos nesta fantasia de que os lugares são todos inamovíveis, que todos os direitos adquiridos são inamovíveis. Não é possível.
MB.: Como vê a situação actual do país? Há alguma solução?
DDB.: Acho que há muitas soluções, mas é preciso ter coragem e ajudar quem quer produzir riqueza, quem quer trabalhar, e não encorajar a preguiça, o desperdício e a desonestidade. Dez por cento da riqueza portuguesa foi perdida para a corrupção nos últimos 30 anos. O dinheiro foi muito mal investido e permitiu o enriquecimento ilícito. Veja lá, estádios de futebol, Centro Cultural de Belém, pontes e viadutos por todo o lado. Andámos a viver de uma forma totalmente disparatada e agora temos de fazer dieta.
MB.: Como vê a situação do interior trasmontano?
DDB.: O Estado sempre tem favorecido as zonas do litoral, onde há mais votos. Devia abrir serviços do Estado no Interior. Se os funcionários não quisessem vir, então não há lugar para eles. Quem quer o lugar, vem. A própria indústria encorajada pelo Estado devia ser sempre no Interior. Dois terços dos hospitais públicos construídos nos últimos anos foram equipados com cerâmicas importadas. Todo o nosso modelo de desenvolvimento foi errado. Gastámos o que não devíamos onde não devíamos.

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