Pedro Arroja e Manuel
Monteiro abordaram o estado de Portugal no primeiro debate da 5.ª edição de
"Diálogos". O economista e o jurista falaram de economia, política,
religião e educação, numa discussão aberta sobre o país.
A primeira conversa do
projeto "Diálogos", na Reitoria da Universidade do Porto (UP), ficou
marcada pelas opiniões vincadas de Pedro Arroja, economista e professor no
Instituto Superior de Estudos Financeiros e Fiscais, e Manuel Monteiro, jurista
e professor na Universidade Lusíada do Porto. O debate, com o tema
"Portugal: presente e futuro", foi moderado por Vicente Ferreira da
Silva e contou com uma audiência atenta e participativa.
A intervenção inicial de
Pedro Arroja desenvolveu-se em torno do livro "F. - Portugal é uma figura
de mulher", publicado em 2013 e dedicado à neta do economista. O livro
reflete os ensinamentos que o professor pretende transmitir às gerações mais
novas e denuncia as instituições que, segundo o autor, "contribuíram para
a ruína do país". A democracia partidária, o republicanismo, o
constitucionalismo e o Estado-providência são algumas das apontadas.
De opiniões pouco
consensuais, o economista não hesita em defender a religião católica e a
restauração da monarquia. "A nossa verdadeira tradição é monárquica e foi
sob a monarquia que vivemos os nossos melhores momentos", afirmou. Arroja
referiu ainda que Portugal é um país de "grandes importadores e péssimos
exportadores", apontando o dedo ao liberalismo económico. "Em regime
de comércio livre e mercado único, temos défices permanentes".
Com uma visão ideológica
diferente, Manuel Monteiro começou por criticar os "reis
esbanjadores" da época monárquica defendida por Arroja, assumindo-se
republicano. "Gosto da ideia de República, em que cada cidadão pode ser um
Estado", justificou o jurista.
O professor da
Universidade Lusíada considera a "falência das elites" a causa dos
problemas do país. "Substituímos as elites por dirigentes e substituímos a
escola por instituições para, estatisticamente, dar graus académicos e suprir
falhas que o país tinha face a concorrência".
Monteiro vincou que o
futuro do país "passa por criar elites livres e reforçar os poderes
presidenciais". O jurista reforçou que cada cidadão deve assumir as suas
responsabilidades e relembrou a importância de ter a Universidade, a Justiça e
a Imprensa, enquanto três instituições livres e fortes de um país. "Nós
não temos imprensa livre", afirmou.
O ciclo de conferências
"Diálogos" conta com mais três sessões. No dia 13 de março, às 21h30,
Rui Neves, Luís Portela e António Tavares vão estar na Reitoria da Universidade
do Porto para debater o tema "Ética: Valor Indispensável?".
Um Livro para o
Joãozinho
Pedro Arroja é diretor
da Associação Humanitária "Um Lugar para o Joãozinho". Criada a 13 de
janeiro de 2014, a
associação tem como principal objetivo angariar meios financeiros para
construir as novas instalações da ala de pediatria do Hospital de S. João. A
concretização do projeto implica 16 milhões de euros. As receitas do novo livro
do economista, "F. - Portugal é uma figura de mulher", revertem a
favor da instituição.
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