sábado, 13 de setembro de 2014

Um Vice-Rei do Norte, Campeão da Liberdade Democrática

O general António Elísio Capelo Pires Veloso, um simpática beirão nascido em Gouveia, partiu deste mundo, deixando um rasto de bondade, de inteireza e de valentia por todos os sítios por onde passou ao serviço da comunidade, de aquém e de além- mar, não falando já da profunda desolação na boa gente portuguesa, nomeadamente nos milhares de compatriotas que com Ele participaram nos trabalhos dos tempos conturbados anteriores ao 25 de Novembro. Era uma espécie de cavaleiro andante da Era Actual, de montante erguido em defesa da Liberdade do Povo, dos mais fracos, dos mais pobres, dos perseguidos injustamente por motivações políticas e, nomeadamente, da gente que, de sol a sol, trabalha o agros português.
Convém não esquecer que foi mandado para S. Tomé, após o 25 A, como governador daquele novo país de expressão portuguesa, onde procedeu a uma descolonização verdadeiramente exemplar, dando o peito a todos os contratempos, sem ter precisão de mandar disparar um tiro ou de marginalizar qualquer grupo, aparecendo em todas as concentrações de caracter político e não permitindo que a demagogia de determinados sectores, alguns mesmo vendidos a interesses geoestratégicos estrangeiros, criasse a necessária instabilidade que possibilitasse as suas torpes manobras. Na verdade, a sua intuição fazia que previsse antecipadamente como tais elementos iriam actuar. Sabia perfeitamente o que esse tipo de gente buscava em S. Tomé, apenas para a satisfação de simples interesses pessoais, mesmo à custa da harmonia social que, na prática, se vivia, impedindo deste modo que atirassem, naquele pequeno território, irmãos contra irmãos. Na verdade, em plena confusão, sempre poderiam semear a cizania, a discórdia e o ambiente necessário à obtenção dos seus mesquinhos fins.  E Pires Veloso estava permanentemente consciente dessa circunstância.
O seu exemplo na ajuda dos mais necessitados, tornou-o num exemplo significativo para toda a comunidade, arrastando atrás de si todos os que de boa vontade queriam fazer crescer um novo país na Liberdade, na Democracia e na Paz Social A sua actuação foi dada como exemplo pela própria Igreja e Pires Veloso foi aceite e querido pela esmagadora maioria da população, que nesse sentido se tem manifestado insistentemente.
Claro que não deixou de fazer críticas acerbadas à descolonização levada a cabo pelos camaradas de armas nos outros territórios coloniais, nomeada mente em Angola e à infame subordinação do enclave autónomo de Cabinda aos interesses de Angola e das grandes potências que tutelavam os seus dirigentes. . Igualmente o Conselho de Revolução esteve na mira das suas desabridas acusações, insurgindo-se por esse órgão parasita da Revolução de Abril, altamente responsável pelos termos da descolonização, pretender reunir, na sua mão, por motu próprio, a competência do exercício dos três poderes de soberania, executivo, legislativo e judicial, o que estava a transformar o movimento dos militares numa segunda ditadura. Prontamente saiu do Conselho de Revolução por onde aliás passou episodicamente transformando-se com essa atitude em objecto preferido de quanta perseguição se possa imaginar.  Recordo o episódio da queda do helicóptero, quando era comandante da Região Militar do Norte. O aparelho onde viajava em serviço começou a perder altura, por razões ainda hoje não esclarecidas, e inevitavelmente  ir-se-ia  espatifar no solo, provocando uma
enorme explosão que trucidaria todos os tripulantes. Porém, Pires Veloso, com um sangue frio notável, a cerca de trinta metros ou mais do solo tomou a decisão de saltar para terra. Na explosão que então se verificou,  todos morreram menos Ele. Ficou com múltiplas fracturas e escapou  devido à forma cuidadosa e pronta como foi socorrido e tratado. Esteve muito tempo entre a vida e a morte, mas sobreviveu, graças à sua coragem e ao seu poder de decisão.
Como comandante da Região Militar do Norte, meteu na ordem o exército, absolutamente minado por forças partidárias, cujos representantes serviam interesses que não eram os do País. Porém, Pires Veloso prontamente modificou tal situação com o apoio da esmagadora maioria do exército e de toda a população do Norte e do Centro do País, colocando novamente as forças armadas ao serviço da comunidade portuguesa. Foi então justamente considerado o Vice-Rei do Norte, tendo a população do País demonstrado exuberantemente estar ao seu lado na defesa da Liberdade e da Verdadeira Democracia. E a sua actuação clarividente, culminou no 25 de Novembro. tendo sido  afastado definitivamente o perigo de uma nova ditadura. Na altura, numa gigantesca manifestação na Avenida dos Aliados, no Porto, foi entregue à sua Família, pois como militar não podia estar presente, uma valiosa espada, penhor da gratidão dos portugueses de todos os estratos socias e condições.
Entrando Portugal finalmente na vida democrática, Pires Veloso soube retirar-se de cena, passando a tratar da sua agricultura, a ajudar os seus conterrâneos em todas as iniciativas para melhorar as suas vidas e a colaborar com todas as entidades de solidariedade que lhe pedissem ajuda. A sua vida foi um exemplo constante.
Ultimamente, tinha uma tertúlia, composta por gente de todas as cores políticas e de diferentes actividades profissionais, com quem se aconselhava e a quem confidenciava os seus temores pelos caminhos que a democracia portuguesa estava a levar. As reuniões com, militares de todas as armas e com políticos de todas as matizes ideológicas eram permanentes. Além da agradável convivência  que proporcionava o seu espírito aberto e sociável, ia dando recados muito concretos, referindo a necessidade de alterar a lei eleitoral, a própria organização democrática e a necessidade urgente de se por cobro à corrupção republicana que coloniza o nosso Povo. Em recente entrevista colocou mesmo a possibilidade de os Bons Portugueses fazerem um novo 25 de Abril para acabar com as causas que prejudicam e tornam infeliz a nossa gente….
Como seu amigo e seu admirador, sinto uma grande saudade por uma personalidade que se assumiu como campeão da defesa de todos os valores queridos pela maioria do povo português e que forças que não nos representam têm andado a tentar destruir. Desapareceu um autêntico CID o Campeador dos nossos tempos, que será sempre um esteio para os seus seguidores e um exemplo para os que combatem debaixo da mesma bandeira e dos mesmos princípios

António Moniz Palme-2014

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