Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Monárquicos unem-se no apoio a D. Duarte Pio



“Ou a República anda da perna ou a perna dá um pontapé na República”.
Joaquim Mota e Silva, Presidente da CM de Celorico de Basto.

Vários movimentos monárquicos portugueses encontraram-se ontem, em Celorico de Basto, também para celebrarem o dia 5 de Outubro, mas de 1143, dia da assinatura do Tratado de Zamora. As diferentes associações e sensibilidades comprometeram-se a esquecer divergências e unirem-se à volta e no apoio a D. Duarte Pio.
Em declarações ao Diário do Minho, Manuel Beninger, presidente da distrital de Braga do Partido Popular Monárquico (PPM), explicou que a ideia deste encontro partiu precisamente desta estrutura partidária.
«Nós também comemoramos o dia 5 de Outubro, mas de 1143. É a data do Tratado de Zamora, da fundação da nação portuguesa. Por estranho que pareça, Portugal não comemora o dia da sua fundação.
Deve ser dos poucos países que não festeja o seu nascimento», criticou.
Segundo este responsável, impulsionados por essa data, o PPM de Braga encetou contactos com vários movimentos monárquicos para a realização de um evento, onde se pudessem congregar, no mesmo sítio, vários movimentos em torno da mesma figura da família real. «Resolvemos pôr de lado todas as diferenças e dar um apoio inequívoco à sereníssima Casa de Bragança, na pessoa do D. Duarte Pio. Este é um grande momento de unidade para a causa real», disse Manuel Beninger. Vários elementos da Real Monarquia Portuguesa também estiveram presentes no encontro, para darem o apoio à causa. «O objectivo é caminharmos num só caminho, sem questiúnculas laterais sem sentido nenhum. Depois deste encontro, nada será como dantes.
Estão serenadas as hostes em torno de quem é quem. Esclarecemos por completo que só há um caminho que é o da unidade. Vamos continuar a trabalhar nesse sentido. Mesmo que haja alguma divergência sobre o legado histórico», reforçou. No encontro estiveram os presidentes da Real Associação de Braga e da Real Associação de Trás-os-Montes, bem como representantes da Real Monarquia Portuguesa, que estava desavinda. Aliás, o próprio PPM também estava, porque o antigo presidente discordava de D. Duarte Pio. «A grande mensagem que sai deste encontro é de um movimento unido numa pessoa, sem derivações paralelas. É um passo importante. Houve coragem e cedências de parte a parte para caminharmos em torno da mesma figura».

Causa real forte puxa pela democracia republicana
Francisco Pavão, presidente da Real Associação de Trás-os-Montes, deixou claro o apoio a D. Duarte, chefe da casa real, e saudou os vários movimentos e sensibilidades em torno do chefe. Espera que do encontro saiam ideias para a causa real. Lembrou que a República teve períodos negros, sobretudo no início. «Houve perseguição à Igreja e a cidadãos, as mulheres perderam o direito de voto, ou seja, houve muita coisa má que continua a ser escondida», disse.
José Carlos Menezes, da Real Associação de Braga, também entende o encontro como uma oportunidade para dar visibilidade à causa. Lembra que as democracias mais estáveis da Europa são monárquicas, pelo que Portugal também tinha a ganhar com uma monarquia constitucional.
Joaquim Mota e Silva, presidente da Câmara de Celorico de Basto, republicano assumido, não teve problemas em abrir as portas dos Paços do Concelho aos monárquicos. «A Câmara tem sempre esta postura. É uma forma de estar muito plural. Gostamos de receber muito bem aqueles que vêm por bem a esta terra», afirmou. Aliás, Mota e Silva tem uma forma curiosa de olhar para o movimento. «Para o nosso país, quanto mais forte for a causa monárquica, mais evoluída pode ser a democracia republicana. É como nos partidos políticos. Quanto mais forte for a oposição, mais puxa pelo poder». Por outro lado, acrescenta, desde que as pessoas defendam as suas ideias com rigor e respeito, como é o caso, não pode haver problema algum.
«Quando se trata de religiões, o Papa defende um diálogo ecuménico para que haja paz. Aqui a lógica tem que ser a mesma, dentro da ordem democrática e do respeito pela diferença».