O Chefe da Casa Real, D. Duarte de Bragança, considerou hoje 'um exagero' gastar-se 10 milhões de euros para se comemorar uma revolução [implantação da República] 'onde tudo correu mal'.
“Acho que 10 milhões de euros é dinheiro a mais para comemorações, seja do que for. Ainda mais para comemorar uma revolução cheia de boas intenções, generosas e idealistas, mas onde correu tudo mal”, afirmou em declarações à agência Lusa.
D. Duarte de Bragança lembrou que desde a implantação da República “os sindicalistas foram perseguidos, a Igreja foi roubada e demorámos 100 anos para chegar a uma situação de democracia normal como tínhamos antes de 1910” .
D. Duarte de Bragança falava à agência Lusa à margem de uma iniciativa do Partido Popular Monárquico (PPM) de Braga, realizada hoje em Celorico de Basto, para transmitir “uma mensagem inequívoca de união” em torno do chefe da Casa Real.
D. Duarte lembrou que no dia 5 de Outubro os monárquicos também vão estar em festa, mas para assinalar, em Guimarães, mais um aniversário da assinatura do Tratado de Zamora que reconheceu a independência de Portugal.
“Às 15h00 eu leio uma mensagem no Palácio dos Duques de Bragança e espero que seja útil e positiva para o país”, revelou.
Para o herdeiro do trono, Portugal poderia hoje estar “mais desenvolvido”, lembrando que em 1910 o nosso país tinha um nível de desenvolvimento médio em relação à Europa, e agora está entre os piores, tendo sido ultrapassado até pelos países do Leste.
D. Duarte de Bragança sugeriu que os portugueses podiam, a propósito da crise pela qual passa o país, “reexaminar” a razão pela qual chegamos à presente situação.
“Podiam examinar porque é que as monarquias europeias têm tanto sucesso hoje e tantas repúblicas estão em crise”, observou.
Comentando as dificuldades por que passam muitos portugueses, o Chefe da Casa Real disse estar “muito preocupado com o desemprego”, mas admitiu ser aceitável que “todos reduzamos as nossas despesas, para permitir que haja mais pessoas a guardar os seus empregos”.
Na iniciativa realizada hoje em Celorico de Basto participaram algumas dezenas de monárquicos de vários pontos do país, nomeadamente da Real Associação de Braga e Real Associação de Trás-os-Montes e Alto Douro.
O vice-presidente do PPM, Adrião Gonçalves, apelou à união dos monárquicos portugueses, considerando que, se isso acontecer, a causa que defendem vai ser “mais respeitada pela República”.