Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

quarta-feira, 13 de março de 2013

SECRETISMO NA VIDA POLÍTICA, UMA RELAÇÂO INDECOROSA NUMA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA


Desde sempre, situações houve em que os apaniguados de determinado ideário político ou crença religiosa eram ferozmente perseguidos, enfiados nas masmorras e mortos. Basta lembrar o drama dos primeiros cristãos, perseguidos pelo Império Romano, e que actuavam com inteiro secretismo, reunindo-se para orar nas célebres catacumbas, existentes em todos os cantos onde as legiões romanas dominavam. São conhecidas actualmente as de Roma e da Capadócia, para aqui invocar pelo menos as mais conhecidas. E mesmo quando ostensivamente declaravam ser cristãos e acabavam presos ou no Coliseu comidos pelas feras, os que escapavam lá se refugiavam para colectivamente e em segredo viverem os seus desgostos no bálsamo dado pela Paz de Cristo e pela religião que tão ardentemente professavam. Mais tarde, eram os judeus, transformados à força em cristãos novos, que se escondiam para a prática do seu culto, longe das vistas indiscretas, nos territórios onde imperava a Inquisição. E politicamente, nos regimes não democráticos, em que não há liberdade de reunião e de expressão, ou no caso de invasões de um país soberano por outro, respectivamente a oposição e a resistência sempre se mantêm na protectora sombra do segredo. Vejam o que aconteceu durante o domínio filipino até à Restauração, onde os que conspiravam eram perseguidos e mortos e, nos “maquis” da resistência, na França ocupada pelos Nazis, e com os elementos dos movimentos independentistas nos países soberanos metidos à força na Cortina de Ferro. Nessas situações, o Secretismo era legítimo, pois era um modo de Sobrevivência de quem se atrevia a pensar de modo diferente. Muitos outros exemplos poderiam ser dados e que infelizmente ocorrem actualmente, por todo este Mundo de Cristo, cheio de perseguições abomináveis de carácter religioso, rácico e político.
Agora, num Estado de Direito, com uma democracia institucionalizada e em que cada um, em princípio, pode dizer o que bem lhe apetece e reunir com quem lhe der na cabeça, o caso muda totalmente de figura.
Por essa razão, as seitas secretas agora existentes, num país que respeita as Liberdades Fundamentais, bem como todos os Credos professados por cada um, só podem ter uma finalidade inconfessável e ilegal. Com essas sociedades, passamos a ter uma sociedade invertida, como diria o Papa Leão XIII, em 1902, na Humanum Genus”, isto é, um poder público democrático, eleito pela comunidade, e um poder oculto, secreto, invisível aos olhos do vulgar cidadão. Um autêntico Estado Invisível e Irresponsável, desconhecido da colectividade, dentro do Estado Legítimo Democrático. Para cúmulo, com objectivos próprios que não são os objectivos do país, nem respeitam os valores vigentes por serem aceites pela maioria da população. Nem mais.
Para atingirem os seus fins, como um polvo, sub-repticiamente, os lugares chaves da administração, dos órgãos de comunicação social e das empresas públicas vão sendo preenchidos pelos elementos da seita, numa perspectiva de compadrio ou para atingirem objectivos que a generalidade do cidadão desconhece. Isto é, os membros dessa sociedade exercem uma soberania oculta sobre a sociedade reconhecida e constituída democraticamente.
E já estou como alguém de uma conhecida seita referiu:- A Nação é um grande rebanho que apenas sonha em pastar e que o pastor, ajudado por bons cães, manipulará a seu belo prazer, fazendo com que a Nação faça aquilo que ela nunca pensou. Enfim, a descarada manipulação das massas. Desde os tempos da Monarquia Liberal, por acção das seitas que actuam à revelia da vontade da maioria, a sociedade civil não mais encontrou a sua estabilidade. Basta olhar para o passado recente e podemos constatar essa triste realidade.
Os portugueses têm que deixar de actuar como carneiros e terão que corajosamente se assumir e proclamar um rotundo não aos pastores que ninguém escolheu para os lugares políticos e de gestão pública, ainda por cima, na grande maioria, uma cambada de incompetentes apesar da falsa aureola de iluminados. As próprias estruturas partidárias têm que se libertar das pressões das seitas e do poder económico que tem actuado através das mesmas. O Povo tem que acordar e não descansar comodamente à sombra da bananeira, permitindo que gente que não possui os seus valores fundamentais, faça o que muito bem lhe apetece para servir os seus interesses ocultos e, designadamente, os seus interesses económicos.
 Não acreditam neste cenário? Vejam uma das consequências da falta do nosso controlo sobre o panorama político:- a paradigmática e vertiginosa transformação da situação económica que os políticos têm quando entram na vida pública. Na realidade, mesmo passado pouco tempo, convertem-se em pessoas de teres e haveres que ninguém percebe como foram adquiridos. Portugal está farto de secretismos e da corrupção. Abaixo o ocultismo que nos domina na sombra e que rouba o pão nosso de cada dia da nossa gente e está a dar cabo da Democracia e do País.
António Moniz Palme - 2013

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