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Manuel Beninger

quarta-feira, 13 de março de 2013

Já visitou o Palácio da Independência?


Junto a uma igreja muito especial (que já foi descoberta pelo Onde Lisboa) fica um palácio que a maioria dos lisboetas desconhece, apesar de já ter passado inúmeras vezes à sua porta, em pleno Rossio. Mais ainda, além de ter sobrevivido ao terramoto de 1755, tem no seu interior um jardim que possibilita uma subida à Muralha Fernandina para contemplar a vista sobre a Baixa. Ficaram curiosos? Então fiquem a conhecê-lo:
Em Lisboa são vários os monumentos que ficaram associados a grandes acontecimentos históricos do país, e o Palácio da Independência (como o próprio nome deixa antever) não é exceção. Foi aqui que os Quarenta Conjurados planearam a última reunião antes da Restauração da Independência em 1640. Mas as curiosidades à volta deste palácio não se ficam por aqui.
Tido como um palácio seiscentista, pertenceu durante vários séculos à família Almada, à qual pertencia D. Antão de Almada, um dos Quarenta Conjurados. Por ter resistido ao Terramoto de 1755, o palácio foi aproveitado para socorrer doentes do Hospital de Todos os Santos e, nos anos seguintes, foi alugado para outros serviços públicos como o Tribunal da Relação, o Senado Municipal e, até 1774, o Arquivo Municipal de Lisboa. A sua resistência ao terramoto fez com que muita da traça original do palácio ainda seja percetível, como sejam as chaminés de raiz quinhentista, lembrando as do Palácio da Vila de Sintra, embora numa escala bastante inferior. Mais tarde (1833), a Monarquia Liberal considerou os Condes de Almada apoiantes dos absolutistas, pelo que a família já não se encontrava a morar no palácio quando este foi ocupado pela Comissão Geral dos Estudos. Com isto, o palácio teve um residente muito particular – nada mais nada menos que o escritor Almeida Garrett.
Um palácio repleto de história

Uma das principais surpresas do Palácio da Independência é o (muito bem cuidado) jardim, através do qual se acede a uma réstia da Cerca Fernandina. Os terrenos do palácio ficaram assim, no século XVI, encostados à muralha, que tinha uma das portas de entrada na cidade de Lisboa mesmo ao lado – as Portas de Santo Antão. Curiosamente, numa pequena sala ainda é visível parte do arco de uma das portas, juntamente com o que se supõe ser uma antiga cisterna.
Subindo os degraus da Cerca Fernandina, o peso da história funde-se com uma vista da Baixa à qual não estamos muito habituados, pois coloca-nos a eixo com o Arco da Rua Augusta a uma altura considerável, proporcionando-nos um miradouro fora do comum sobre toda esta zona.
Com o desenrolar dos acontecimentos históricos, o Palácio foi sofrendo algumas obras, entre as quais se destaca a inclusão dos painéis de azulejos do século XVIII, alusivos à Restauração da Independência.
Hoje em dia, funcionam várias Instituições no palácio, sendo que a Sociedade História da Independência de Portugal, o Museu da Identidade Lusíada ou a sedes da Comissão Portuguesa de História Militar são algumas delas. Contudo, a maioria das salas é visitável, desde o Salão Nobre à Biblioteca da Sociedade Histórica, passando pelo átrio, restaurado por Raúl Lino. Existe também uma sala de exposições temporárias e uma pequena capela.
Se depois de toda esta viagem pela história do palácio ficou a curiosidade pela visita, saibam que estas apenas se efetuam por marcação, mas o processo é simples e rápido. As visitas são guiadas para não perder nenhuma das curiosidades que fazem parte deste palácio – desde as janelas manuelinas, passando pela Cerca Fernandina até aos azulejos de Gabriel del Barco.
Posto isto, e uma vez que 2012 foi o último ano em que se comemorou a Restauração da Independência, aproveite para conhecer o sítio onde tudo foi planeado! Aproveite também e dê um salto à Igreja de São Domingos, que fica mesmo ao lado:
Onde Lisboa

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