Desde sempre, situações houve em que os apaniguados de determinado
ideário político ou crença religiosa eram ferozmente perseguidos, enfiados nas
masmorras e mortos. Basta lembrar o drama dos primeiros cristãos, perseguidos
pelo Império Romano, e que actuavam com inteiro secretismo, reunindo-se para
orar nas célebres catacumbas, existentes em todos os cantos onde as legiões
romanas dominavam. São conhecidas actualmente as de Roma e da Capadócia, para aqui
invocar pelo menos as mais conhecidas. E mesmo quando ostensivamente declaravam
ser cristãos e acabavam presos ou no Coliseu comidos pelas feras, os que
escapavam lá se refugiavam para colectivamente e em segredo viverem os seus
desgostos no bálsamo dado pela Paz de Cristo e pela religião que tão
ardentemente professavam. Mais tarde, eram os judeus, transformados à força em
cristãos novos, que se escondiam para a prática do seu culto, longe das vistas
indiscretas, nos territórios onde imperava a Inquisição. E politicamente, nos
regimes não democráticos, em que não há liberdade de reunião e de expressão, ou
no caso de invasões de um país soberano por outro, respectivamente a oposição e
a resistência sempre se mantêm na protectora sombra do segredo. Vejam o que
aconteceu durante o domínio filipino até à Restauração, onde os que conspiravam
eram perseguidos e mortos e, nos “maquis” da resistência, na França ocupada
pelos Nazis, e com os elementos dos movimentos independentistas nos países soberanos
metidos à força na Cortina de Ferro. Nessas situações, o Secretismo era
legítimo, pois era um modo de Sobrevivência de quem se atrevia a pensar de modo
diferente. Muitos outros exemplos poderiam ser dados e que infelizmente ocorrem
actualmente, por todo este Mundo de Cristo, cheio de perseguições abomináveis
de carácter religioso, rácico e político.
Agora, num Estado de Direito, com uma democracia institucionalizada e em
que cada um, em princípio, pode dizer o que bem lhe apetece e reunir com quem lhe
der na cabeça, o caso muda totalmente de figura.
Por essa razão, as seitas secretas
agora existentes, num país que respeita as Liberdades Fundamentais, bem
como todos os Credos professados por cada um, só podem ter uma finalidade inconfessável e ilegal. Com essas
sociedades, passamos a ter uma sociedade invertida, como diria o Papa Leão
XIII, em 1902, na Humanum Genus”, isto é, um poder público democrático, eleito
pela comunidade, e um poder oculto, secreto, invisível aos olhos do vulgar
cidadão. Um autêntico Estado Invisível e Irresponsável, desconhecido da
colectividade, dentro do Estado Legítimo Democrático. Para cúmulo, com
objectivos próprios que não são os objectivos do país, nem respeitam os valores
vigentes por serem aceites pela maioria da população. Nem mais.
Para atingirem os seus fins, como um polvo, sub-repticiamente, os
lugares chaves da administração, dos órgãos de comunicação social e das
empresas públicas vão sendo preenchidos pelos elementos da seita, numa
perspectiva de compadrio ou para atingirem objectivos que a generalidade do
cidadão desconhece. Isto é, os membros dessa sociedade exercem uma soberania
oculta sobre a sociedade reconhecida e constituída democraticamente.
E já estou como alguém de uma conhecida seita referiu:- A Nação é um
grande rebanho que apenas sonha em pastar e que o pastor, ajudado por bons
cães, manipulará a seu belo prazer, fazendo com que a Nação faça aquilo que ela
nunca pensou. Enfim, a descarada manipulação das massas. Desde os tempos da
Monarquia Liberal, por acção das seitas que actuam à revelia da vontade da
maioria, a sociedade civil não mais encontrou a sua estabilidade. Basta olhar
para o passado recente e podemos constatar essa triste realidade.
Os portugueses têm que deixar de actuar como carneiros e terão que
corajosamente se assumir e proclamar um rotundo não aos pastores que ninguém
escolheu para os lugares políticos e de gestão pública, ainda por cima, na
grande maioria, uma cambada de incompetentes apesar da falsa aureola de
iluminados. As próprias estruturas partidárias têm que se libertar das pressões
das seitas e do poder económico que tem actuado através das mesmas. O Povo tem
que acordar e não descansar comodamente à sombra da bananeira, permitindo que
gente que não possui os seus valores fundamentais, faça o que muito bem lhe
apetece para servir os seus interesses ocultos e, designadamente, os seus interesses
económicos.
Não acreditam neste cenário?
Vejam uma das consequências da falta do nosso controlo sobre o panorama político:-
a paradigmática e vertiginosa transformação da situação económica que os
políticos têm quando entram na vida pública. Na realidade, mesmo passado pouco
tempo, convertem-se em pessoas de teres e haveres que ninguém percebe como
foram adquiridos. Portugal está farto de secretismos e da corrupção. Abaixo o ocultismo
que nos domina na sombra e que rouba o pão nosso de cada dia da nossa gente e está
a dar cabo da Democracia e do País.
António Moniz Palme - 2013
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