A pobreza e a exclusão social, não sendo a mesma coisa, têm entre si uma relação de complementaridade: a pobreza representa uma das formas ou dimensões da exclusão social, pois é impeditiva da plena participação na vida económica, social e civil.
Sendo a exclusão social um processo que marginaliza indivíduos e grupos sociais no exercício da cidadania, ela dá-se através de rupturas consecutivas com a sociedade nas relações afectivas, familiares, de amizade e com mercado de trabalho. É um fenómeno multidimensional, que se apresenta como uma conjugação de factores sociais, económicos e políticos.
Na exclusão social verifica-se uma acentuada privação de recursos materiais e sociais que impedem de participar plenamente na vida económica, social e civil e ou não permitem usufruir de um nível de vida considerado aceitável pela sociedade em que se vive.
Ora, acho que um dos maiores causadores destas rupturas do indivíduo com a sociedade é o desemprego e o emprego precário, na medida em que os baixos rendimentos ou a sua ausência levam à pobreza, sendo esta uma das dimensões mais visíveis da exclusão social.
Estamos a passar por um período de crise em que o desemprego é, de dia para dia, cada vez mais uma constante. O trabalho exerce um papel integrador, um dos vínculos mais importantes à sociedade, nos relacionamentos que gera e no rendimento que proporciona.
O povo está a ficar cada vez mais marginalizado, mais impedido de exercer o seu direito à cidadania pois, devido ao desemprego e ao emprego precário (recibos verdes) vê-se diminuído económica e socialmente, o que lhe provoca uma má qualidade de vida, que conduz à exclusão social, pela agudização das desigualdades, pelo impedimento do gozo de direitos que um emprego "normal" lhe proporciona e que de outro modo não tem.