Jornal “Diário do Minho” de 29 de Novembro de 2010, pág. 7
CDU de Braga vota contra moção a pedir libertação de Nobel da Paz
O Partido Popular Monárquico (PPM) apresentou, na sexta--feira à noite, uma moção na Assembleia Municipal de Braga, pedindo a libertação do Prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo. A moção foi aprovada mas, estranhamente, com os votos contra da CDU e, também com alguma surpresa, com abstenção da maioria socialista.
No texto lido por Manuel Beninger, é dito que o Prémio Nobel da Paz 2010 foi atribuído a Liu Xiaobo pela luta longa e não violenta dos direitos fundamentais na China.
O deputado municipal recorda que o Comité Nobel destacou as mais de duas décadas de luta pacífica de Liu pelos direitos humanos e pelas mudanças políticas, que vão desde as manifestações pró-democracia em 1989 na Praça de Tiananmen, às reformas políticas de que foi subscritor em 2008. Aliás, estas acções estão na origem da sua pena de prisão de 11 anos, que está a cumprir actualmente.
Xiaobo foi banido do ensino oficial pelo seu envolvimento nas manifestações estudantis, consideradas, pelo governo chinês «uma rebelião contra-revolucionária».
Por diversas vezes, a própria União Europeia e outros países e personalidades pediram a libertação do Nobel da Paz, pedidos que têm sido em vão.
No texto aprovado pode ler-se que «deverá a Assembleia Municipal de Braga refutar qualquer tipo de regime ditatorial, déspota e opressor, e endereçar à Embaixada da República Popular da China em Portugal o seu mais vivo protesto pela continuada prisão do galardoado Prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo».
De referir que a posição da CDU em Braga está em consonância com a posição do Partido Comunista a nível nacional, que lamentou a entrega do Nobel a Liu Xiaobo.
Assim, a moção foi aprovado com os votos favoráveis do PSD, CDS, Bloco de Esquerda e, obviamente, o PPM.
De acordo com a Agência Lusa, uma cadeira vazia vai representar Xiaobo na cerimónia de entrega do Prémio, marcada para 10 de Dezembro. Isto porque a China impediu que a mulher do Nobel viaje para Oslo, na Noruega.
«Uma cadeira vazia para o laureado relembrará ao mundo que Liu Xiabo está na prisão e que a situação dos direitos do homem na China merece a atenção da comunidade internacional», declarou Yang Jianli, exilado nos Estados Unidos da América.
Esta é a segunda vez que tal acontece na história dos Nobel. A primeira vez foi em 1936, quando um militante anti-nazi, Carl Von Ossietzky, laureado com o Nobel da Paz, foi impedido de viajar para receber o prémio, por estar detido num campo de concentração.