Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O grande Gonçalo

Nas "Caras da semana" do PÚBLICO de domingo o perdedor era David Cameron, por ter ficado, à Salazar, "orgulhosamente só" na União Europeia. A ganhadora foi Angela Merkel, uma política e pessoa muito mais inteligente, generosa e europeia do que se pensa, por causa do preconceito anti-alemão que já não faz sentido nem tem onde se concentrar, a não ser nas antigas aventuras do Major Alvega.

Ao lado da fotografia da Angela (com o guê duro, sem qualquer gemido angélico) estava a cara do maior amigo de Portugal (território, paisagem, natureza) e dos portugueses (tradição, cultura, nacionalidade) dos séculos XX e, até agora, do século XXI: Gonçalo Ribeiro Telles. Disse o PÚBLICO com admirável juízo que a homenagem, na Gulbenkian, "cujos jardins cresceram sobre a sua marca", foi "justíssima". Contou como "Mário Soares falou da sua empatia com o monárquico, sendo ele republicano; António Barreto disse que ele 'realizou um dos grandes sonhos dos homens cultos - fez jardins'; e Eduardo Lourenço chamou-lhe 'jardineiro de Deus'". Tenho a sorte de ser amigo do Gonçalo e a sorte é mais doce por partilhá-la com tantas pessoas. É um sábio encantador, amistoso e entusiasta. Os adjectivos são atraentes mas o único substantivo é o que tudo vale. Toda a gente gosta dele, como ele gosta de toda a gente e de toda a terra. Mas ele não é um jardineiro. É um filósofo político e ecológico - o maior e mais original que Portugal já teve. E há-de ter sempre.


Miguel Esteves Cardoso, in Público 13-12-2011