Um excelente artigo sobre liderança política, do nosso amigo Júlio Henrique Paiva Figo, militante popular monárquico de Coimbra.
Este artigo se marca como objectivo uma modesta
contribuição para a compreensão do tema liderança. A liderança significa a
qualidade ou função do líder, a arte de pilotagem, é um processo de direcção.
De acordo com a literatura estratégica, liderança não é mais do que o exercício
do poder, um líder é a aplicação desse mesmo poder sobre os actores sociais.
Outras definições definem liderança como a capacidade de incutir vontade e
levar os outros a fazer melhor ou diferente. Tampouco, um líder é uma pessoa
que pela palavra ou pelo exemplo influencia os pensamentos, comportamentos,
atitudes e /ou sentimentos de um numero significativo de pessoas. Isto significa
fazer acontecer as coisas da melhor forma, para benefício de todos. O conceito
liderança está correlacionado com o conceito de estratégia. A palavra
estratégia deriva do grego “Stratego”, que combina “stratos (exercito) ” com “ag- (liderar)” . A palavra strategos
significa a “ função do general do exército”. A estratégia é um recurso
competitivo que a liderança utiliza para atingir os objectivos propostos por
sistema económico, político ou social. Em contexto militar, a estratégia
concebida pelo general é constituída num plano de campanha que determina as
acções ofensivas e defensivas a serem levadas a cabo. Deste modo, a finalidade última
da estratégia no contexto militar, é vencer o inimigo, nos negócios, política e
outras dimensões económicas e sociais, a finalidade última da estratégia é
criar vantagem competitiva sustentável, é a principal razão ser da estratégia.
Neste sentido, as organizações actuam de acordo com um padrão de decisões e
acções que visam obter desempenho superior à média, em virtude da adopção de
melhores estratégias que permitem obter mais valor que a concorrência. Ademais,
conseguem assegurar a sua sobrevivência e crescimento, duas condições básicas
para o sucesso de qualquer sistema económico, social e político. Na realidade
portuguesa constata-se um incremento do crescimento e desenvolvimento ecónomo e
social, desde 1986 (adesão à união europeia) ate 2000. Este crescimento foi por
força dos benefícios que advieram da integração de Portugal na UE, e não
maioritariamente por mérito dos decisores políticos. A evolução positiva dos
indicadores de desenvolvimento económico e social (IDES), (IDS) e (IDH)
contribuiu para o bem-estar económico e social da sociedade. Se reportarmos ao
período compreendido entre o ano 2000 e 2010, verifica-se uma diminuição do
Pib, o que traduz uma diminuição do desempenho económico e subsequente redução
da taxa de crescimento do produto. Este período revela um fraco desempenho
competitivo nos decisores públicos ou nos líderes políticos responsáveis pela
direcção do país, por incompetência ou deficiência técnica ou negligência
técnica porque não tiveram a capacidade de aproveitar os recursos financeiros
postos à disposição de Portugal, para aplicarem racionalmente os recursos
financeiros em investimentos de uma forma eficaz e eficiente. Creio que os
decisores públicos não tiveram um desempenho competitivo durante este período entre
o ano 2000 até 2010 Fig. (1) e nos anos subsequentes, já que o desempenho
económico português, contraria a lógica e postulado da teoria económica do
crescimento, em que as diferenças do produto per-capita e taxa de crescimento
do produto entre economias pobres e ricas, conduzem a previsões de
convergência absoluta. Quanto maior for
a distancia e diferença entre uma economia pobre e uma economia rica, (caso da
economia portuguesa e a media económica europeia), maior será a sua velocidade
de convergência e maior será a taxa de crescimento do produto. Isto significa,
que uma economia pobre crescerá a uma taxa de crescimento do produto mais
elevada e com maior velocidade, e esse crescimento será tanto maior, quanto
maior for a distancia que separa a economia mais pobre da media das economia
europeia com maiores taxas de crescimento do produto. O fraco desempenho
económico e competitivo projecta nos investidores, accionistas, empreendedores
e demais agentes económicos uma imagem, credibilidade e reputação negativa,
devido à incapacidade ou incompetência e irresponsabilidade de implementar políticas
estratégicas de crescimento e desenvolvimento económico e social, pondo em causa
a sustentabilidade, sobrevivência e crescimento socioeconómico de Portugal.
Assim sendo, os critérios que assistem a um líder,
seja político, organizativo ou empresarial, são a visibilidade, imagem credível
e atractiva no sentido de confiabilidade. Penso que as capacidades fundamentais
nos políticos são baseadas em dois pressupostos; competência estratégica
significa ter visão estratégica, ver além do curto prazo, a médio e longo
prazo. Ter uma visão de curto prazo ou não conseguir ver a médio e longo prazo,
é ter uma visão míope. O segundo pressuposto é assumir com vigor e clareza o
papel de representante e porta-voz dos anseios, aspirações da sociedade. Creio
que um politico se quiser ser eficaz face aos objectivos de um povo, não pode
descurar o eficiente desempenho deste papel de representante do povo, e terá de
assumir os objectivos, anseios, aspirações daquele que é líder e dar-lhe voz
capaz de ser ouvida.
Os critérios que satisfazem a liderança política são;
sabedoria, sinceridade, humanidade, coragem, rigor, pensar estrategicamente,
criatividade, dinamismo e aceitação. O líder político assume assim um papel que
o ultrapassa em certa medida. Em síntese; um líder político sábio é
circunspecto; prefere ter êxito através da estratégia.
Citando Fernando Pessoa “ (…) Aqui ao leme, sou mais do que eu, sou um
povo que quer o mar que é teu (…).
Fig. (1) elaborada pelo autor,
Fonte; dados do INE (2012)
Doutorando em Economia e
Administração de Empresas.
Universidade de Santiago de
Compostela (USC) - (Artigo_6)
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